NALDOVELHO
Fios retorcidos embaralham a trama,
bordados sem sentido tomam conta do tecido,
palavras embriagadas tropeçam nos significados.
Permanece o drama e ninguém reclama.
O sacerdote enlouquecido num sermão equivocado
diz que a poesia que hoje chora é pecadora contumaz.
Uma guitarra ensandecida em harmonias infernais,
sacrifica a melodia num estranho ritual.
Carpideiras se divertem com a agonia do poema
e o imperador lamenta a morte do tirano enforcado.
A estrela da manhã apedrejada em plena praça
e o povo comemora, ri com gosto da desgraça.
E o diabo observa, lamentando o triste enredo,
já não tem mais nem espaço pra tanta gente em degredo.
E a história se repete, todos os dias, já faz tempo:
a poesia crucificada implora ao Pai por seus rebentos.
Fios retorcidos, bordados sem sentido, palavras embriagadas.
Permanece o drama e ninguém reclama!
RIMANE
IL DRAMMA
NALDOVELHO
Fili
intrecciati mescolano la trama,
ricamati
senza senso prendono posto del tessuto,
parole
ubriachi inciampano sui significati.
Rimane
il dramma e nessuno si lamenta.
Il prete folle in un sermone equivocato
dice
che la poesia che oggi piange è una peccatrice consueta.
Una
chitarra impazzita in armonia infernali
sacrifica
la melodia in uno strano rituale.
Prefiche
si godevano l'agonia del poema
e
l'imperatore lamenta la morte del tiranno impiccato.
La
stella del mattino lapida in piena piazza
e
la gente festeggia, ride con gusto la disgrazia.
E
il diavolo osserva, lamentando la triste storia,
non c'è più neanche spazio per tante persone in
esilio.
E
la storia si ripete, ogni giorno, da tanto tempo:
la
poesia crocifissa supplica al Padre per la loro prole.
Fili
ritorti, ricami senza senso, parole ubriache.
Rimane
il dramma e nessuno si lamenta!
Tradução
para o italiano de Fernanda Belotti
Maravilha de letras, Naldo!!!!!!!
ResponderExcluirBelvedere
Realmente, ninguém reclama...
ResponderExcluir"E a história se repete, todos os dias, já faz tempo:
ResponderExcluira poesia crucificada implora ao Pai por seus rebentos."
Pobre poesia, desde o nascituro incompreendida, os bardos sufocados, os gritos abafados.
Que os rebentos arrebentem as amarras e as mordaças da incompreensão e soltem a voz, a verve, o texto poético, porque sei, por experiência, o quanto a poesia salva!
Belo texto, amigo!
Você realmente brinca com as palavras, meu amigo. Sabe poetar de forma adorável. Lindo texto, adorei! Carinhoso abraço Naldo Velho
ResponderExcluirEu também não reclamo, afinal, estou a apreciar os belos versos de um Bardo enternecido e ocupado em observar e desatar os nós da criação.
ResponderExcluirBelo!
Abraços, Naldo, caríssimo amigo!
rosangelaSgoldoni