domingo, 21 de agosto de 2011

QUERIA PARAR DE FUMAR


   NALDOVELHO

   Tardes frias de julho, cidade nublada,
   chuva miúda, molhadas as ruas,
   vento inconveniente traz cisco no olho,
   traz lágrima discreta que é pra ninguém notar.

   São quase seis horas, passadas das doze,
   na noite que chega nostalgia aumenta,
   o sinal está fechado e o trânsito engarrafado,
   e por mais que eu queira, não consigo chegar.

   Os versos que eu tento, espremidos, grudentos,
   só falam de coisas deixadas pra trás,
   revolvem lembranças doídas demais.

   A chuva aumenta e inunda as ruas,
   já são oito horas, passadas das doze,
   encharcado por fora, securas por dentro
   e os versos que eu tento recusam o caminho,
   conspiram rebelados a favor da saudade,
   denunciam a distância, você está tão longe,
   por mais que eu tente não consigo esquecer.

   São quase dez horas passadas das doze,
   já não mais engarrafado nesta cidade truncada,
   já não chove e o cigarro queima entre os dedos.
   Queria parar de fumar, mas não sei como!

2 comentários:

  1. :) maneiro, principalmente as primeiras estrofes. Gosto de imagens que nos transmitem sensações.

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  2. Lindo, amigo! Repleto de paixão, de vida, do cotidiano, das tristezas, mas sempre acompanhado da mais doce poesia. Valeu, amigão! Forte abraço pra vc, Naldo Velho.

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