quarta-feira, 31 de agosto de 2011

ANJO INOCENTE

   

   NALDOVELHO

   Anjo ferido na beira do abismo,
   não sabe que o colo que aquece padece,
   não sabe a criança de olhar inocente
   que a mão que semeia também sabe ferir.
   Não sabe da farpa, da fuga e da fúria,
   não sabe da faca, do corte e do sangue,
   mas sente a dor da sede e da fome,
   ressecadas as lágrimas, nem sabe sorrir.

   Anjo inocente na beira do abismo
   não sabe seu nome, nem seu sobrenome,
   olhar embaçado, desesperançado,
   não sabe das águas, do trigo e dos sonhos,
   seu tempo é escasso, logo-logo partir.

   Armei um presépio lá em casa este ano,
   o Cristo era negro e morria de fome,
   na mesa sua carne, nos copos seu sangue,
   nas ruas do mundo a inconsciência do homem;
   transpassados os cravos, dilaceram suas mãos.
   Por mais que eu tente não consigo sorrir.

7 comentários:

  1. Tudo gira e nada muda, amigo. Belas palavras, poema triste.

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  2. CHOREI! TÃO VERDADEIRO...Bem-Hajas Naldo Velho::
    lINDO!

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  3. EStou contigo caro amigo... Também não sorrio... Não consigo... Este é um pedido demasiado para minh'alma... Gostei do teu poema... Tuas palavras me fazem reacreditar nas velhas (e renovadas) palavras que dizem que a mudança começa em nós...! Abrços fraternos!

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  4. Pequenos anjos , meteóricas almas ,q ultrapassam nossa atmosfera para rapidamente se apagarem na terra...

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  5. Antes de tecer este meu simples e amador comentário, li alguns poemas seus, e em todos a gente só encontra a mesma palavra "Genial". Este aí, puxa, sem palavras...

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  6. BOM DIA AMIGO TRISTE MAS REAL SEU POEMA GRATA.Ilca Karla Santos

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