Palavras
espremidas, descontentes,
vibram
nervosas, reticentes...
A mesma mão
que semeia o trigo,
contamina os
rios e seus afluentes.
A mesma mão
que acarinha o filho,
extermina as
sementes da terra que chora.
A mesma mão
que escreve poemas,
cava a
trincheira que o protege agora.
Palavras
tortas, expostas, contundentes.
entoam
cânticos de guerra evidente.
A mesma mão
que cura as feridas
empunha a
espada que sangra a vida.
Versos
perplexos, reflexivos, confessos,
desentranham
das vísceras o poema que implora.
A mesma mão
que abre o caminho,
deixa neles
rastros de sangue e desatino.
O que foi
feito da cantiga de amor que outrora
trazia tanto
encantamento na voz de um trovador?
O que foi
feito do sorriso criança
que
alimentava os sonhos do pensador?
O que foi
feito do poeta e de suas juras de amor?
Será que se
calou a poesia pelo jugo do imperador?
Ou será que é
sina do homem crescer através da dor?
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