NALDOVELHO
Uma rajada de balas a alterar meus sentidos,
de arma em punho um homem busca um abrigo.
Flores pisoteadas em gestos ambíguos,
e ainda se diz, por necessidade de proteção ou
castigo!
Por conta de quais mudanças expus minhas
sementes?
Por conta de quais rebeldias libertei o ser
dos trilhos?
Por onde andará a inocência perdida?
Por onde andará a musa arrependida?
Uma voz rouca desafia e alicia,
um blues visceral e profano
ao som de guitarra, baixo e piano.
Janis Joplin passou por aqui
e deixou
quatorze marcas de dor
no corpo dos seus amigos.
E a baioneta, calada, a violentar meu umbigo.
Entranhas expostas demonstram ao inimigo
que o pouco que mudou, mudou para pior,
e que eu continuo a buscar um lenitivo.
Por onde andarão meus versos sentidos?
Por onde andarão meus sonhos?
Estariam soterrados sob escombros no Iraque,
quem sabe aprisionados em Guantanamo?
Por onde andarão os rebeldes de outrora?
Teriam sido sequestrados por traficantes no Rio?
Quem sabe afogados num banheiro fedido
embriagados de tanta aguardente?
Ou teriam sido exorcizados por um bando de
descrentes?
Saudades dos tempos de menino,
da Ave Maria, contrição às seis horas,
do colo da mãe, das broncas do pai...
Saudades de um tempo
onde eu não sabia nada sobre a dor e o perigo.
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