quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O POUCO QUE EU SEI (LUZ E SOMBRAS)

   NALDOVELHO

   Sei dos caminhos que nos levam à loucura
   e das trilhas, abismos, armadilhas.

   Sei do sangue coagulado sobre a ferida
   e da dor na cicatriz quando mexida.

   Sei do inverno no silêncio do meu quarto,
   e das lágrimas, quase sempre não disfarço!

   Sei das ruas, vielas, esquinas desertas,
   insônia insistente, madrugadas incertas.

   Sei do amigo que se recusa ao abraço,
   chuva ácida poluindo o riacho.

   Sei dos esboços, dos rascunhos, dos sonhos,
   projetos engavetados, lado esquerdo, tristonhos.

   Sei do livro de contos inacabado,
   faz tempo não pego, tenho medo do estrago!

   Sei que o tempo tece teias estranhas,
   corpo cansado, presa indefesa da aranha!

   Sei que amanhã vou acordar setembro,
   se bem me lembro: primavera, flores, temperatura amena!

   Sei que no final deste caminho, existe um outro.
   Sei da pedra, do limo, das raízes e da solidão.

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