domingo, 11 de setembro de 2011

NEM SEMPRE


   NALDOVELHO

   Nem sempre poesia, muitas vezes heresia,
   enredo que não pode ser desfeito,
   tramas, teias, dramas, grito espremido no peito,
   histórias que o tempo fez questão de preservar.

   Nem sempre são rosas, muitas vezes espinhos,
   outras vezes são cortes, fraturas, entorses,
   sangue coagulado, cicatrizes que ainda doem,
   feridas que o tempo não foi capaz de curar.

   Nem sempre fragrâncias, muitas vezes odores,
   coisas cheirando a mofo, amareladas, apodrecidas,
   resto de comida esquecida no forno,
   coisas que o tempo não deu conta de dissipar.

   Nem sempre vitórias, muitas vezes derrotas,
   descaminhos, estranhos, sem volta,
   andar desequilibrado pela beira do abismo,
   escolhas que o tempo deixou você tomar.

   Nem sempre o poeta que existe em mim agüenta,
   muitas vezes ele se ausenta, viaja nas funduras,
   macera dores, nostalgias, amarguras
   e depois de algum tempo voltar a sonhar.

3 comentários:

  1. Nem sempre o coração sorri...
    Às vezes ele também chora.
    Esse é o verdadeiro poeta!
    Parabéns pela intensa e sensível poesia!
    Obrigada pelo carinho.
    Abraços.
    Márcia Ramos

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  2. É assim a vida do poeta, um dia ele se desintegra em dor, no dia seguinte se reconstrói , renasce das cinzas, se refaz, e nestes momentos se reinventa em versos. Muito lindo e triste, querido amigo. Bjus

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  3. Mas o poeta, mesmo quando se ausenta, renova-se em poesia!
    Abraços

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