domingo, 11 de setembro de 2011

MINHA VIDA

   NALDOVELHO

   Minha vida, feito sábia,
   tece teias, faz mistérios,
   diz que a pele que me cobre
   é a armadura apropriada
   que Deus pode me ofertar
   e que a viscosidade deste sangue
   que entope minhas veias
   vem por conta de estiagens,
   inquietudes e gasturas,
   por viagens, descobertas,
   coisa própria de poeta,
   tão teimoso, coisa incerta,
   que custou tanto a crescer.

   Enxugo os olhos, que bobagem!
   Madrugada corre solta,
   e eu não sei seu endereço
   e desconheço o seu apreço,
   e as notícias que hoje eu tenho
   são confusas, qual novelo
   que um gato embaraçou.

   E as teias, meus enredos,
   coração ainda apronta,
   vez por outra ele tropeça,
   e não há nada que o impeça
   de morrer de bem querer.

   Café forte e encorpado,
   acrescido de um cigarro,
   saio às ruas meio tonto,
   disfarçando o meu intento,
   se bobear ainda aguento
   amanhecer nesta cidade,
   e apesar da chuva fria
   ainda creio em Você.

2 comentários:

  1. Este Blog está lindo! Os poemas do Naldo são chuvas de luz para nosso deleite.
    Eurídice

    ResponderExcluir
  2. é uma busca constante de tantas coisas, são tantas indagações , um crer não crendo....
    este mergulho faz bem a alma, mesmo não dando a resposta cartesiana que tanto queremos.
    Beijinhos

    ResponderExcluir