terça-feira, 13 de setembro de 2011

JÁ NEM SEI MAIS NAVEGAR (ARQUIVO)

   NALDOVELHO

   Corte em carne viva,
   sangra toda vez que eu toco
   e eu nem sei como evitar.
   Luz que alucina
   e invade o meu quarto,
   intrusa em meus sonhos.
   Veneno que vicia,
   tempestade e calmaria,
   já nem sei mais navegar.

   Se em tuas teias eu me acabo;
   quem sabe, então,
   a dor que eu sinto,
   seja o melhor remédio
   e cicatrizadas os cortes,
   eu pare de sangrar?

   Deixe-me dormir no abandono,
   retira do meu corpo tuas marcas,
   tuas garras, tuas farpas,
   e ainda que eu chore
   e te implore, não volte...

   Até que eu perca o medo
   de naufragar.

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