Hoje podia ser um dia
internacionalmente dedicado ao pecado, mas só aos pequenos e saborosos pecados,
aqueles que ansiamos em querer viver e que por força de regras, de travas,
amarras, nos negamos a cometer.
Ficar na cama até mais tarde, preguiça
é sempre um delicioso pecado! Degustar guloseimas, delícias, sem o risco de ter
que engordar, a gula é outro maravilhoso pecado! Quem sabe uma mulher bem
bonita, pele branca e macia, com muito veneno nos olhos, que saiba sussurrar
baixinho coisas que o meu coração vive querendo escutar.
Peitinho sem silicone! Tenho medo de
mulher turbinada, assim como tenho medo de andar de avião. Rola um quê de
impotência, vai que em pleno vôo eu desabo, é muito grande a distância que
existe entre o céu o chão. Talvez seja por incompetência, talvez seja esse um
grande pecado: o de não cobiçar a perfeição.
Cobiça não! Esse é um grande pecado.
Sou capaz de desejar a mulher do lado, mas não sou capaz de cobiçar a mulher do
meu irmão.
Andar ocioso pelas ruas, sem ter que
me preocupar com as horas e se elas vão ou não ter que passar. Tomar um
conhaque, fumar um cigarro, eis aí dois pequenos pecados que eu tive de abrir
mão.
Esse dia seria uma festa sem hora ou
lugar para acabar. Teria a duração da distância entre o ir o ficar e o voltar,
só para que eu possa chegar sorrateiro e me aconchegar saliente em seu colo,
fazendo com que a eternidade deste instante seja mais um delicioso e exclusivo
pecado do qual nós nunca mais vamos ter que abrir mão.
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