A casa das coisas
guarda coisas preciosas,
pequenos cristais reluzentes,
sentimentos materializados,
tirados de dentro da gente.
Guarda também com cuidado
o coração de um poeta
que pulsa assim afrontado,
e bate descompassado
por tanto amor que ele sente.
Guarda lembranças sagradas,
imagens eternizadas,
palavras, versos, poemas...
Guarda também meus segredos,
testemunhos das minhas escolhas,
registro dos meus dilemas.
A casa das coisas
guarda coisas sagradas:
guarda o gosto do último beijo
e o cheiro do teu desejo,
coisas que eu não esqueço;
guarda a lágrima cristalizada
que abortada não foi chorada
e que até hoje incomoda e arde,
encravada, tipo farpa espetada
no canto do meu olho esquerdo.
A casa das coisas não tem trincos,
não tem fechaduras, nem tramelas,
e é lá que mora o meu sonho.
E na parede do quarto
está escrito o teu nome
e este é mais um guardado
precioso e sagrado
que a ninguém podemos revelar.
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