terça-feira, 13 de setembro de 2011

A CASA DAS COISAS (LUZ E SOMBRAS)

      NALDOVELHO

      A casa das coisas
      guarda coisas preciosas,
      pequenos cristais reluzentes,
      sentimentos materializados,
      tirados de dentro da gente.
      Guarda também com cuidado
      o coração de um poeta
      que pulsa assim afrontado,
      e bate descompassado
      por tanto amor que ele sente.

      Guarda lembranças sagradas,
      imagens eternizadas,
      palavras, versos, poemas...
      Guarda também meus segredos,
      testemunhos das minhas escolhas,
      registro dos meus dilemas.

      A casa das coisas
      guarda coisas sagradas:
      guarda o gosto do último beijo
      e o cheiro do teu desejo,
      coisas que eu não esqueço;
      guarda a lágrima cristalizada
      que abortada não foi chorada
      e que até hoje incomoda e arde,
      encravada, tipo farpa espetada
      no canto do meu olho esquerdo.

      A casa das coisas não tem trincos,
      não tem fechaduras, nem tramelas,
      e é lá que mora o meu sonho.
      E na parede do quarto
      está escrito o teu nome
      e este é mais um guardado
      precioso e sagrado
      que a ninguém podemos revelar.

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