terça-feira, 13 de setembro de 2011

ANJO TRAVESSO (LUZ E SOMBRAS)

      NALDOVELHO

     Um anjo travesso pousou do meu lado,
     fez caras e bocas, revirou meus guardados,
     encontrou num poema palavras tão doces,
     sorriso obsceno, reinventou o pecado.
     Tirou minha roupa, bebeu nos lábios,
     deitou-se comigo, ofertou-me um abrigo,
     suado de orgasmos, veneno, gemidos,
     e escreveu o seu nome a um palmo do umbigo.
     E fez tatuagem, estranha, selvagem,
     sussurrou indecente, segredos, bobagens,
     violou meus sentidos, propostas, promessas
     e colheu sentimento, ternura, loucura...
     Matou minha fome, saciou sua sede,
     e, assim de repente, avisou que era um sonho.
     Abriu as janelas, sorriso nos olhos,
     bateu suas asas, e sem dizer nada, partiu.
     Um anjo obsceno deixou aqui o seu cheiro
     e em meu corpo suas marcas:
     vestígios de um dia, nostalgia latente,
     inquietude evidente entranhada em mim.

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