segunda-feira, 12 de setembro de 2011

BEIJA-FLOR AFOGADO NO MANGUE


   NALDOVELHO

   Chuva que chove por dentro,
   vidraça embaçada por fora
   e um vento virado do avesso
   derrama meus sentimentos.
   
   E a esfinge se ajoelha e chora,
   segredo revelado faz tempo,
   e o homem apressado nem olha,
   não há nada de novo nas horas.
   
   Um menino sofrido e sozinho,
   beija-flor afogado no mangue,
   a roseira que eu trago comigo
   tem espinhos manchados de sangue.

   Um cão pachorrento implora
   pelo fogo do firmamento,
   pois é lenta a marcha das horas,
   soterradas nos constrangimentos.

   E um tango ardido me chama,
   nostalgia que eu temo se assanha,
   luz da lua machuca as entranhas,
   magia passional e profana.
    
   Agora chove aqui dentro e lá fora
   e no derrame dos meus sentimentos,
   jorram versos que eu ouso e penso,
   são poemas virados do avesso.
   
   Beija-flor afogado no mangue.

2 comentários:

  1. Muito bom. Voltarei sempre ! Meus parabéns poeta, acredito que vou aprender muito andando pro aqui. Grande abraço

    ResponderExcluir