NALDOVELHO
Sobre o
tapete do meu quarto
um grupo
imenso de letras
passeia
alegremente.
Um outro
grupo indolente,
preguiçosamente,
sobre a cama,
cochila
impunemente.
Mais outras
tantas, no sofá, acomodadas,
assistem à
televisão à espera do noticiário.
Sobre a
estante, num vai e vem incessante,
milhares
delas tentam se organizar
sobre uma
folha de papel em branco.
Buscam
acasalar-se em sílabas
na tentativa
insana de formar palavras,
verbos,
frases, significados.
Algumas, mais
românticas,
preferem
construir versos;
letras
líricas e emocionadas,
acreditam que
possam unidas
edificar um
belo poema,
uma mensagem
de amor.
Letras
ousadas!
E enquanto
isto em minha mente,
notas
insistentes ecoam,
seres alados
e impertinentes
na pretensão
de se unirem aos versos
em harmonias
explícitas, sensuais, viscerais,
melodias
sedentas que possam
deixar marcas
bem fundas
dentro de
cada um de nós.
Só falta
então abrir a janela
e deixar a
danada da inspiração entrar
e dar sentido
a toda esta orgia.
E acreditem!
Não há nada
que eu possa fazer a respeito:
sou só uma
testemunha ocular.
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