segunda-feira, 5 de setembro de 2011

AQUILO QUE NOS ASSEMELHA


   NALDOVELHO

   Aquilo que nos assemelha
   é o que nos faz diferentes,
   não um do outro como se pensa,
   mas da maior parte da nossa gente;
   e é o que nos fez seguir por rotas estranhas,
   um através das corredeiras de um rio,
   outro a navegar por mares bravios.

   Aquilo que nos assemelha
   é o que nos faz diferentes,
   pois nem todos acreditam na magia
   de uma madrugada inquieta,
   de um amanhecer em festa,
   da passarada em animada conversa,
   das flores, dos cheiros, dos gostos,
   da música suave que envolve e acalma,
   da arte de dissolver espinhos cravados na alma,
   e de construir caminhos de libertar nossos sonhos.

   Aquilo que nos assemelha
   é o que nos faz diferentes...
   Sonhadores, inquietos, dementes,
   viciados em noites de lua cheia,
   em veneno ardido de serpente ou sereia,
   em andar por madrugadas insones,
   pois necessitamos da benzedura do orvalho
   para que possamos abrir novos caminhos
   e levar a palavra “fazedeira” a todos os corações.

3 comentários:

  1. E a poesia nos assemelha...
    Bjs
    Uly

    ResponderExcluir
  2. Poema de força, expondo dois seres e suas díspares condições. O mesmo que os torna semelhantes e os aproxima, os diferencia e afasta. E o espaço de ambos, assim, é enorme. Aumentando e reduzindo-se. Um poema que joga com o paradoxal e navega em estrofes e versos como numa viagem longe, numa epopeia. Extraordinário.

    ResponderExcluir