terça-feira, 6 de setembro de 2011

AQUI JAZ UM POEMA DE AMOR

   NALDOVELHO

   Não nos venham falar de ternura,
   se o poema hoje vive em clausura,
   impedido que está do carinho...
   Beija flor acreditou em promessas,
   voou pra bem longe e não mais voltou.

   Não nos venham falar de lirismo,
   se as palavras aprisionam o verbo...
   Saudades que temos das madrugadas insones,
   hoje as esquinas sofrem manchadas de sangue,
   e a lua, coitada, a testemunhar nossa dor.

   Não nos venham falar de loucura,
   pois sombrias percebemos as ruas,
   cada vez mais confusas as teias...
   Desconhecemos o caminho de volta,
   e o de ida? Já não sabemos qual nos restou.

   Não nos venham falar de destino,
   se o propósito e ferir-nos em espinhos,
   e se a verdade aprisionada agoniza
   na letra fria de um epitáfio nervoso:
   AQUI JAZ UM POEMA DE AMOR.

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