NALDOVELHO
Não nos venham falar de ternura,
se o poema hoje vive em clausura,
impedido que está do carinho...
Beija flor acreditou em promessas,
voou pra bem longe e não mais voltou.
Não nos venham falar de lirismo,
se as palavras aprisionam o verbo...
Saudades que temos das madrugadas insones,
hoje as esquinas sofrem manchadas de sangue,
e a lua, coitada, a testemunhar nossa dor.
Não nos venham falar de loucura,
pois sombrias percebemos as ruas,
cada vez mais confusas as teias...
Desconhecemos o caminho de volta,
e o de ida? Já não sabemos qual nos restou.
Não nos venham falar de destino,
se o propósito e ferir-nos em espinhos,
e se a verdade aprisionada agoniza
na letra fria de um epitáfio nervoso:
AQUI JAZ UM POEMA DE AMOR.
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