NALDOVELHO
Palavras trôpegas, embriagadas,
espalhadas pelo chão do quarto,
vomitam no tapete, mijam no pé da cama,
gritam significados e estragos,
insistem em construir poemas,
versos etílicos, desconexos,
mistos de dor, loucura e valentia,
cismam em revelar segredos,
riem debochadamente dos meus medos,
desobedecem regras e rimas,
desafiam o tempo do verbo,
e choram a falta da mulher amada,
e a nostalgia colhida nas madrugadas,
na solidão que sobrevive às horas,
alcoólatras confessos que somos
viciados em falar do abandono.
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