Há uma subserviência secular
nas dobradiças de uma porta
que sempre se curvam
quando alguém deseja passar.
Ainda bem que existe a fechadura
que sabiamente exige
que se tenha a chave certa.
Pena que exista sempre aquele
que pensa que pode forçar passagem,
ainda que ali não seja o seu lugar.
Há uma rebeldia perversa
no vento que me invade a tarde
e traz maresia da orla,
e faz despertar a saudade.
Ainda bem que existe o poema
que sabiamente enxuga
as lágrimas que eu choro agora.
Pena que exista sempre um vestígio
que tenta se alojar a vontade,
ainda que não seja a hora nem o lugar.
Há um quê de transgressão
nas coisas que eu já não ouso sonhar!
Ah, bravo, bravíssimo, meu querido Naldo Velho!
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