NALDOVELHO
As horas tão lentas, a janela
entreaberta,
a porta do quarto, faz tempo, fechada
e em cima da mesa um monte de
papeis,
rascunhos de versos, idéias
desencontradas,
solidão, nostalgia, insônia e
inquietude...
Coisas sem importância!
O cinzeiro lotado, ainda cabe
um cigarro,
uma xícara de café, doce e
encorpado.
Lá fora é outono, aqui dentro
chove...
Não consigo entender, o sol se
recusa a nascer!
E o coração aprontando, ao
contrário das horas,
num ritmo apressado, agora
chove lá fora,
meus olhos já não choram, estiagem
de sonhos,
os cortes cicatrizados, nada
que eu possa fazer!
Madrugada emperrada e o
inverno aprisionado,
e um sol de preguiça esboça um
movimento.
Calçadas e ruas molhadas, chuva
fina de junho
e a vida presa num embrulho, nó
cego,
que eu não consigo desfazer!
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