domingo, 11 de setembro de 2011

MOLEQUE SAFADO



   NALDOVELHO


   Moleque safado, virado do avesso,
   escreve um poema, tu tens o endereço,
   assina teu nome, seduz teu apreço,
   arromba a porta ou pula a janela
   e toma de assalto quem te desespera.

   Moleque safado, da pele orvalhada,
   plantou madrugadas na beira do dia,
   colheu sentimentos, feitiço e magia,
   poesia vadia custou quase nada,
   num simples momento bebeu da saudade
   e das tramas da vida herdou nostalgias.

   Moleque safado, teu nome é desterro,
   cidade nublada, não tem cabimento!
   Tu tens um segredo guardado no peito,
   quer ter uma musa, amante e nua,
   quer ter novamente um sorriso abusado
   e andando de lado compor um chorinho,
   tocar cavaquinho, fazer serenata,
   tomar um conhaque, fumar um cigarro.

   Moleque abusado, poeta é o teu nome,
   não tem sobrenome, nem tem moradia, 
   mas tens um amor, segredo doído
   que eu vou respeitar.

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