quarta-feira, 7 de setembro de 2011

DO UMBIGO ATÉ O PESCOÇO

   NALDOVELHO

   Pelos poros das paredes
   brotam gotas de orvalho,
   pelas frestas da janela
   surgem luzes coloridas
   que derramam no assoalho
   toda a seiva desta vida.

   Pelas dobras, pelos cantos,
   nascem lírios e begônias,
   samambaias deitam águas,
   alimentam os gerânios
   e o colibri já fez seu ninho
   recheado dos meus sonhos.

   Lá no teto envolta em teias
   a aranha observa
   que entre as teclas do piano
   crescem ervas, cogumelos
   e o poeta alucinado,
   guardião dos desenganos.

   Lua cheia quando lambe
   do umbigo até o pescoço,
   faz o cabra ficar demente,
   vive de falar bobagens,
   não mais consegue se aprumar

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