Pelos poros das paredes
brotam gotas de orvalho,
pelas frestas da janela
surgem luzes coloridas
que derramam no assoalho
toda a seiva desta vida.
Pelas dobras, pelos cantos,
nascem lírios e begônias,
samambaias deitam águas,
alimentam os gerânios
e o colibri já fez seu ninho
recheado dos meus sonhos.
Lá no teto envolta em teias
a aranha observa
que entre as teclas do piano
crescem ervas, cogumelos
e o poeta alucinado,
guardião dos desenganos.
Lua cheia quando lambe
do umbigo até o pescoço,
faz o cabra ficar demente,
vive de falar bobagens,
não mais consegue se aprumar
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