NALDOVELHO
Na estante, adormecido, o livro sagrado.
Em cima da mesa um outro aberto:
a Divina Comédia, o Inferno de Dante!
Palavras assustadoras de sombras e aflições,
demônios que ameaçam criar vida,
materializar de vez o mal que existe em nós.
Um terço abandonado na gaveta,
a oração, faz tempo, esquecida...
Anjos tristonhos observam o cenário:
estilhaços, escombros, vidas perdidas,
horas tão lentas, doloridas, grudentas
e um estranho deus que se alimenta de feridas.
Na casa semidestruída um cheiro ardido:
sangue, pólvora, poeira e medo!
Lá fora cães furiosos a espera:
há sempre alguém pronto para ser devorado.
Lágrimas ácidas, corrosivas...
O fanatismo de alguns, a dor de muitos.
Na estante o Novo Testamento.
Na parede, o Cristo crucificado, faz tempo...
E a face contraída de Deus
a assombrar meus pensamentos, ordena:
tirem Meu Filho da cruz!
Belíssimo poema!
ResponderExcluir...Mas ninguém levanta um dedo para tirar Cristo do suplício!
A Terra vai-se cobrindo de outras cruzes.
Mísseis ameaçam derruir inocentes. Foi declarada uma guerra na sexta-feira santa.
A bomba atómica espera...
Felizmente permitem que as crianças vão tomar a única refeição quente nas escolas, em férias.
Um fraterno abraço, desejando mais Luz nesta Páscoa,
Maria