João Helio Fernandes Vieites morto em 07/02/2007
   NALDOVELHO
   Mistura de cores, odores,
ruídos,
   minha cidade transpira
horrores.
   Cães enlouquecidos passeiam
impunemente
   e nas esquinas um sorriso
amarelo
   não consegue esconder o
desconforto,
   por ruas e praças desertas,
   janelas e portas fechadas
   e um absurdo de lamentos:
   mais um ousou e caiu!
   Ousou amar seu caminho,
   fazer filhos, construir uma
casa,
   cultivar flores sem espinhos;
   cantar cantigas de roda,
   andar pelas ruas sem pressa,
   namorar madrugadas de insônia,
   parar no sinal amarelo...
   -Perdeu, perdeu, perdeu!
   Um corpo arrastado pelas ruas,
   fio interrompido, loucura,
   criança ainda, seis anos!
   E a baba do tinhoso
   espumando pra todo o lado.
   Minha cidade hoje chora,
   clama por justiça e se
desespera,
   põe rosas brancas nas janelas,
   e aqueles que devem não
querem,
   se escondem em castelos e
ignoram
   a dor que consome as entranhas
   e as marcas deixadas no
asfalto.
   Não há nada de novo nas horas!
   Nada que aconteça os comove.
   E se fosse um dos seus?

 
E talvez seja a pergunta qual deveriamos nos fazer sempre!
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