NALDOVELHO
O poema que eu não escrevi,
a ferida que volta e meia incomoda,
coisa feita pra doer, mal resolvida,
a tapeçaria inacabada no quarto,
a última dose de conhaque,
o café bem quente e doce,
o cigarro aceso entre os dedos,
cacos de vidro espalhados
por todos os cantos da casa.
O trem que eu não tomei,
a mulher que eu muito amei
e que como água, escapuliu-me
entre os dedos,
o navio que partiu pra bem longe,
a saudade doída e confessa
e a lágrima no olho esquerdo
que ameaça chorar, mas tem medo.
Um sorriso a disfarçar meus segredos,
inquietude entranhada na alma,
loucura que eu trago reprimida
e a artéria continua entupida,
congestionamento na via expressa;
o Pai Nosso numa prece
e o sinal permanece fechado.
O livro de contos?
Faz tempo não pego!
Hoje em dia só escrevo poemas.
Alguns deles, nem são poemas,
parecem mais amontoados, confusos,
de versos estranhos, profusos,
que por mais que eu tente impedir,
rebelados que são, teimam em surgir.
E a ampliação da casa continua num esboço.
VERSES CONFUSED
VERSES CONFUSED
NALDOVELHO
The poem that I didn't write,
the wound that back and half-bother,
thing done to hurt, badly resolved,
the unfinished tapestry in the room,
the last dose of cognac,
coffee piping hot and sweet,
the lit cigarette between fingers,
glass shards scattered,
by all corners of the House.
The train that I didn't took,
the woman I really loved
and that as water, it me scaped
between the fingers,
the ship that sailed to far away,
the hurt longing and confesses
and tear in left eye,
which threatens to cry, but is afraid.
A smile to disguise my secrets,
anxiety ingrained in the soul,
crazy that I bring repressed,
and the artery continues clogged,
congestion on the Expressway;
the Lord's prayer on a prayer
and the signal remains closed.
The book of short stories?
Makes time not caught!
Nowadays only write poems.
Some of them, nor are poems,
seem more piled up, confused,
strange verses, profuse,
that as much as I try to prevent,
rebels who are, seems hell-bent on arise.
And the expansion of the House is still a stub.
Translation for English by Marlene Nass
VERSETS
CONFUS
NALDOVELHO
Le
poème que je n'écris,
la
plaie que dos et moitié-ennuyeux,
chose
faite, à tort, mal résolue,
la
tapisserie inachevée dans la salle,
la
dernière dose de cognac,
tuyauterie
de café chaud et doux,
la
cigarette allumée entre les doigts,
tessons
de verre dispersés,
par
tous les coins de la maison.
Le
train que j'ai n'a pas pris,
la
femme que j'ai beaucoup aimé
et
que l'eau, il me décomposées
entre
les doigts,
le
navire navigue au loin,
le
désir blessé et confesse
et
la larme à l'oeil gauche,
qui
menace de pleurer, mais a peur.
Un
sourire pour masquer mes secrets,
anxiété,
enracinée dans l'âme,
Crazy
que j'apporte réprimée,
l'artère
continue bouchés,
congestion
sur l'autoroute ;
le
notre père dans une prière
et
le signal reste fermé.
Le
livre d'histoires courtes ?
Rend
ne pas pris de temps !
De
nos jours seulement écrire des poèmes.
Certains
d'entre eux, ni les poèmes,
semblent
plus empilées jusqu'à, confus,
versets
étranges, abondantes,
que
j'essaie d'éviter, autant que
les
rebelles qui sont, semble décidé à se poser.
Et
l'expansion de la maison est encore un stub.
Traduction
de Français par Marlene Nass
Demais!!! "... inquietude entranhada na alma..." Naldo em todos os seus poemas me encontro!!! Algo mais que inquietude entranhada na alma... que nos transporta em outras paragens na memória!!!! Fernanda Belotti
ResponderExcluirInquietudes...labirintos do corpo e da alma humana, que ficam mal resolvidos e teimam em nos visitar sempre! Maravilhoso, amigo Naldo! Abraços
ResponderExcluir"o navio que partiu pra bem longe,
ResponderExcluira saudade doída e confessa
e a lágrima no olho esquerdo
que ameaça chorar, mas tem medo...."
que mergulho corajoso no inconsciente meu caro poeta.. seu verbo é livre e despojado das amarras das rimas, das grades da métrica e dos conceitos acadêmicos que nada definem a forma de pensar livre e poeticamente. saudações!
Meu querido amigo...se teus versos te parecem confusos, talvez seja porque estejam na sombra do bardo, que os desvenda apenas para deleite dos leitores....abreijos, guida
ResponderExcluirMuito eu esse poema,ele me leu Poeta!
ResponderExcluirParabéns sempre!
A musa inspiradora do poeta, também se agita confusa e faz desabrochar versos tão fortes e lindos. Incoerência! Não. Inspiração.
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