sexta-feira, 5 de agosto de 2011

SOBRE O CADÁVER DE UM POEMA

    NALDOVELHO

    Velhas carpideiras choram
    sobre o cadáver de um poema.
    Pássaros em debandada,
    chuva de vento, constrangimento,
    sudoeste que se aproxima
    e varre meus pensamentos
    e as pessoas pelas ruas
    passam, e não param.

    Na torre da igreja: 
    sinos, esperança, missa das seis.
    Na cidade chove um absurdo de lamentos.
    Mais um cadáver!
    Desta feita um soneto,
    e um beija-flor se debate inutilmente.
    Paixão construída em versos
    que o tempo desmaterializou.

    Luz da lua insiste em se mostrar nublada,
    portas e janelas permanecem fechadas,
    e aqui em meu quarto: tuas cartas,
    um maço de cigarros, um livro de contos,
    e as teclas do piano entristecidas:
    harmonia em tom menor,
    melodia dissonante,
    arrastada, quase fúnebre.

    Lá fora, carpideiras continuam seu trabalho,
    versos espalhados, incoerentes, embaralhados,
    rimas pobres, mutiladas, dilaceradas.
    Ao longe: ritmos tribais, linguagem estranha,
    coisa panfletária, mensagem ao avesso.
    Aqui dentro: o poeta agoniza e chora.
    Solidão, nostalgia, desentranhamento.

    Morre o homem, agoniza a poesia.
    Na pedra fria seu epitáfio,
    ainda assim, as pessoas passam e não param...
    Aqui jaz minha reflexão!

10 comentários:

  1. Bonita poesia... Ainda lembro bem das velhas mulheres que vinham chorar os mortos dos outros. Podemos não perceber mais evoluimos um pouquinho em relação a isso, hj já não choramos tanto e nem gritamos e ás vezes até aplaudimos aqueles entes que se foram e conseguiram cumprir de forma bela o que vieram aqui fazer!
    Naldo este poema me lembrou isso! Beijos

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  2. o Poeta passa e fica, suas imagens seus sonhos estão por todo lado.... a poesia é uma luz no tempo!
    abraços amigo, dos sonhos e da luz!!
    Naldo seus poemas são lindos...... adorei! bjos , sonia santana

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  3. On The Corpse Of A Poem.

    NALDOVELHO


    Old mourners weep
    on the corpse of they put it,
    birds in Stampede,
    wind rain, embarrassment,
    Southwest approaching
    and sweeps my thoughts
    and people in the streets
    go, and of the not stop.


    In the Tower of the Church:
    bells, hope, mass of six.
    In the city it rains an absurdity of lamentations.
    One lives corpse!
    This team to sonnet,
    and the hummingbird if debates unnecessarily.
    Passion built in is
    it undid that time.


    Moonlight insists if show, cloud
    Windows and doors remain closed,
    and here in my room: your letters
    the pack of cigarettes, the book of shorts stories,
    and the piano keys: saddened
    in minor harmony,
    dissonant melody,
    dragged, almost funereal.


    Outside, mourners continues its work,
    be scattered, incoherent, scrambled,
    poor rhymes, mutilated, torn apart.
    In the distance: tribal rhythms, foreign language,
    passionate thing, inside out message.
    In here: the poet last gasp and cry.
    Loneliness, homesickness, disembowelled.


    Man dies, last gasp poetry.
    At Cold Stone, his epitaph
    still, people spend and don't stop...
    Here lies my reflection!

    (Translation for English by Marlene Nass.)

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  4. Sur Le Cadavre D'Un Poème.

    NALDOVELHO


    Vieux pleureuses pleurer
    sur le cadavre d'un poème,
    oiseaux à la Stampede,
    vent, pluie, embarras,
    L'approche du sud-ouest
    et balaie mes pensées
    et les gens dans les rues
    allez et ne s'arrêtent pas.


    Dans la tour de l'Église :
    cloches, espoir, masse de six.
    Dans la ville, il pleut une absurdité des lamentations.
    Un cadavre de plus !
    Cette fois, un sonnet,
    et un Colibri si débat inutilement.
    Passion construit dans le verset
    dématérialiser de l'époque.


    La lumière de la lune insiste sur le fait que montrer, nuages
    Portes et fenêtres restent fermées,
    et ici dans ma chambre : vos lettres
    un paquet de cigarettes, un recueil de nouvelles,
    et les touches de piano : attristent tous
    en harmonie mineure,
    mélodie dissonante,
    traîné, presque funèbre.


    À l'extérieur, les pleureuses poursuivent ses travaux,
    versets épars, incohérents, brouillés,
    rimes pauvres, mutilés, déchiré.
    Dans la distance : rythmes tribus, langue étrangère,
    panfletária chose, message l'aversion.
    Ici : le dernier souffle de poète et cri.
    Solitude, mal du pays, sans entrailles.


    L'homme meurt, dernier souffle de poésie.
    À pierre froid, son épitaphe
    encore, les gens passent et arrêté le...
    Ici se trouve ma réflexion !

    ( Traduit en Français par Marlene Nass.)

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  5. Apenas respiro seus lamentos....
    Uma linda noite meu querido.
    Sempre muito apaixonada com sua arte de escrever,
    Parabéns.
    Abraços.

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  6. Grande poeta, vc respira poesia...sabe como ninguém analisar a vida e a morte em todos os seus aspectos,com sua maneira poética e especial de ver as coisas. Bravos, Naldo Velho! Abraços

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  7. Passei Por Aqui,
    Seus Escritos Li,
    Tudo Vi e Muito Aplaudi,
    Só Resta, Parti A Sorri!!!

    Pequena Poetisa-Vana Fraga

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  8. Pancadão, tremendo, Naldo, vc se supera a cada poema, bjs

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