segunda-feira, 8 de agosto de 2011

CIRCENSE

   NALDOVELHO

   A corda bamba esticada
   e uma sombrinha colorida
   a manter meu equilíbrio.

   O elefante empacado
   não anda nem desanda.

   O tigre de bengala,
   a leoa desdentada,
   o trapezista que se lança
   num vôo cego e arrojado.

   Uma pirueta, um salto mortal,
   o palhaço faz careta
   e diverte a garotada.

   A mulher que engole fogo,
   pipoca, algodão doce...

   A bailarina se contorce
   ao som de um minueto
   e o amor que tu me tinhas
   era pouco e se acabou.

   Já não sou uma criança
   e a danada da esperança
   foi embora com o circo.
   Outros rumos, outra estrada,
   e eu aqui sem paradeiro
   preso ao som de uma risada.

   Um minuto de silêncio,
   aqui jaz Seu Serafim,
   poeta e domador,
   abandonou vida de artista
   por conta de um grande amor,
   o nome dela: Eleonora,
   mulata salseira e atrevida,
   logo saltou de banda,
   largou o pobre na lona,
   arriado num beco escuro,
   a cara cheia de cachaça
   e uma dor que não tem fim.

   Saudades dos saltimbancos
   e da leoa desdentada,
   o nome dela: Florisbela.
   Adorava escutar meus versos,
   ronronava e pedia bis.

   Já não tem mais brincadeira
   e o espetáculo terminou,
   quem quiser que conte outra,
   pois o tempo desta prosa
   escoou pelos meus dedos,
   feito água fria e clara
   de um pote de esperanças
   que um desastrado derramou.

8 comentários:

  1. Muito bom, meu amigo!!!

    Grande abraço
    Jorge

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  2. Era tão boa a magia do circo, deu pra relembrar meus tempos de criança. Belezura de versos! Abreijos, guida

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  3. Gente! Que emoção boa essa de circo...me fez lembrar demais da minha infância...pois foi uma diversão que mais frequentava. Meu pai sempre tinha o capricho de guardar o dinheiro, para pagar a nossa entrada. Ah, meu amigo Naldo! Só você, para me fazer reviver esses lindos momentos. Obrigada por ter essa arte tão divina...e que emociona. Uma bela tarde de domingo.
    Abraços.

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  4. O Circo além, quem sabe aquém, de suas magias.
    Parabéns mais uma vez, Naldo!

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  5. CIRCUS

    NALDOVELHO



    The tightrope stretched
    and the colorful umbrella
    you it keep my coining press.


    The elephant stuck
    does not walk nor separates.


    The Bengal tiger,
    the Leone toothless gums,
    the trapeze artist who throws
    in the blind and dashing flight.


    The tailspin, the deadly jump,
    the clown donate grimace
    and entertains the kids.


    The woman who swallows fire
    popcorn, cotton candy...


    The writhing ballerina
    you it the sound of the minuet
    and the love that you had me
    was little and overnight market.


    I'm not to child
    and the when hope harmed of
    went away with the circus.
    Other directions, another road,
    and I here without whereabouts
    stuck you it the sound of the laugh.


    Her draft s silence,
    Here lies Your Seraphim,
    Buster and poet,
    abandoned life of artist
    on behalf of the great love,
    her name: Eleonora,
    mulatto sauce-boat and sassy,
    soon jumped from band
    dropped the poor in canvas,
    when the dark alley was lowered in,
    the face full of rum
    and the pain that is in the end.


    Longings of Highway robber
    and Leone toothless gums,
    her name: Florisbela.
    Enjoyed listening you it my are,
    it was purring and ask it will be encore.


    Longer is that it lives that it falls in love
    and the show ended,
    Anyone who is another,
    Since the team this proses
    leaked through my fingers,
    made clear and cold water
    the pot of hopes
    the fumbling shed.


    Translation into English by Marlene Nass.

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  6. CIRQUE


    NALDOVELHO




    La corde raide tendue
    et le parapluie coloré
    vous il garder mon presse manufacture.



    L'éléphant coincé
    ne pas marcher ni se sépare.



    Le tigre du Bengale,
    les gencives édentés Leone,
    la trapéziste qui lève
    dans le vol aveugle et fougueux.



    La dégringolade, le saut mortel,
    le clown Don grimace
    et divertit les enfants.



    La femme qui avale le feu
    maïs soufflé, cotton candy...



    La ballerine entortillée
    vous il le bruit de la Menuet
    et l'amour que vous m'avait
    peu et le marché du jour au lendemain.



    Je ne suis pas à l'enfant
    et le moment espérons préjudice de
    s'en alla avec le cirque.
    Autres directions, un autre chemin,
    et moi sans les allées et venues
    vous coincé il le bruit de l'éclat de rire.



    Son silence s de projet,
    Ici se trouve votre Seraphim,
    Buster et poète,
    abandonné la vie de l'artiste
    au nom de la grand amour,
    son nom : Eleonora,
    mulâtre saucière et sassy,
    bientôt a bondi de bande
    a largué les pauvres dans la toile,
    Quand la ruelle sombre a été abaissée
    le visage plein de rhum
    et la douleur qui est en fin de compte.



    Désirs de voleur de la route
    et les gencives édentés Leone,
    son nom : Florisbela.
    Aimé vous écouter il mon sont,
    Il a ronronner de plaisir et demander il sera encore.



    Est plus qu'il vit qu'il tombe amoureux
    et le spectacle se termine,
    Toute personne qui en est une autre,
    Depuis l'équipe cela proses
    une fuite dans mes doigts,
    a l'eau claire et froide
    le pot de l'espoir
    le hangar de maladresses.



    Traduction en Français par Marlene Nass.

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  7. O circo e suas estradas, bagagens, caminhos e descaminhos, quem sabe o destino ....
    Parabéns, Naldo!
    Sempre belo!

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  8. Querido poetamigo...o maior espetáculo da terra, que elevava nossos olhares de alto a baixo, do trapezista ao domador, com as brincadeiras dos palhaços, sob o encantamento do mágico, era um mundo lúdico cheio de esplendor...agora apenas uns poucos sobreviveram....até quando? Abreijos, guida

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