terça-feira, 2 de agosto de 2011

BICHO HOMEM

   NALDOVELHO

   Cada ponto, cada pedra,
   cada trecho do caminho,
   tem ciladas, tem espinhos,
   tem o cheiro da incerteza.

   Lua cheia quando nasce,
   crescem garras, crescem presas,
   e eu só sei que o bicho homem
   ainda fere se tem medo,
   ainda mata se tem fome.

   Toda história tem segredos,
   toda a trama tem mistérios,
   marcas, rastros, seus relevos,
   tem fissuras, cicatrizes.

   Mar revolto quando chega,
   embarcação fica a deriva,
   e eu só sei que o bicho homem
   ainda chora se tem sede,
   ainda foge dos seus sonhos.

   Cada gota do meu sangue,
   cada gesto de ternura,
   cada ato de loucura,
   tem por trás a sede e a fome.

   Ventania quando chega,
   vem trazendo tempestade,
   e eu só sei que o bicho homem,
   se troveja, se esconde,
   e rasteja e rasteja...
   já nem sabe mais seu nome.



   CRITTER MAN
   NALDOVELHO

   Every point, every stone,
   Each stretch of the path,
   has a stumbling block, it has thorns,
   has the smell of uncertainty.

   Full moon when it rises,
   grow, they grow fangs, claws
   and I just know that the Critter man
   still hurts if afraid,
   still kills if hungry.

   Every story has secrets,
   the entire plot has mysteries,
   brands, trackways, their reliefs,
   has cracks, scars.

   Seas when arrives,
   the vessel is the drift,
   and I just know that the Critter man
   still cries if thirsts,
   still escapes of your dreams.

   Every drop of my blood,
   every gesture of tenderness,
   each act of madness,
   has behind the thirst and hunger.

   Gale when arrives,
   comes bringing storm,
   and I just know that the Critter man
   If thunders, hides,
   and creeping and crawling ...
   I don't even know your name.

   Translation for English by Marlene Nass

   L'HOMME CRITTER
   NALDOVELHO

   Chaque point, chaque pierre,
   Chaque tronçon du sentier,
   a une pierre d'achoppement, elle a des épines,
   a l'odeur de l'incertitude.

   Pleine lune quand il se lève,
   croître, elles poussent les crocs, griffes
   et je sais seulement que l'homme Critter
   encore mal si peur,
   encore tue si affamés.

   Chaque histoire a secrets,
   l'intrigue entière a des mystères,
   marques, de pistes, de leurs reliefs,
   ont des fissures, cicatrices.

   Mers lorsqu'arrive,
   le navire est à la dérive,
   et je sais seulement que l'homme Critter
   pleure encore si soif,
   encore des évasions de vos rêves.

   Chaque goutte de mon sang,
   chaque geste de tendresse,
   chaque acte de folie,
   a derrière la soif et la faim.

   Gale lorsqu'arrive,
   vient apporter la tempête,
   et je sais seulement que l'homme Critter
   Si gronde, peaux,
   et rampant et ramper...
   Je ne sais même pas votre nom.

   Traduit en Français par Marlene Nass

3 comentários:

  1. Que dizer??? que tens poemas lindíssimos...e este é mais um..."bicho Homem" ainda chora se tem sede,
    ainda foge dos seus sonhos.... O bicho homem tem a mania que comanda que sabe tudo...mas quando é confrontado...com algumas situações é o que relatas.... se troveja, se esconde,
    e rasteja e rasteja...
    já nem sabe mais seu nome. beijitos

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  2. Gostei muito do final do seu poema amigo Naldo
    " Ventania quando chega,
    vem trazendo tempestade,
    e eu só sei que o bicho homem,
    se troveja, se esconde,
    e rasteja e rasteja...
    já nem sabe mais seu nome."
    Sempre o que escreve é maravilhoso. Linda noite. Abraços.

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  3. É sempre maravilhoso ler-te amigo Poeta.
    Elaine Mello

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