NALDOVELHO
Trilhas estranhas, histórias, tormentos,
trevas, tropeços, portas trancadas,
terras, fronteiras, cicatrizes expostas.
É sina do homem crescer pela dor.
Conflitos, abismos, batalhas, loucura,
o cheiro de sangue, o medo, a tortura,
na fúria da guerra a fome consome,
em teu colo a criança, não chora, não come.
Lágrimas não chovem, ressecadas as pétalas,
caminhos incertos, agoniza o sonho.
O rio minguou, o leite secou,
olhos vidrados espelham a dor.
Teias estranhas, nem sei o teu nome,
só sei que és negro e padeces de fome.
No berço do homem deserto de amor,
morre a mingua o filho do Nosso Senhor.
Amigo, sempre que te leio fico sem palavras!!!
ResponderExcluirVc sempre me emociona com tua poesia!
Palavras carregadas de sentimentos...
DIA ILUMINADO PRA TI.
Abraços... Milla Cavalcanti
Pancadão, estupendo!
ResponderExcluirQuerido Poeta e Amigo,
ResponderExcluircresci no tempo da guerra colonial,absurda, nojenta, racista, com um ditador implacável que nos consumia ... todo o grão colhido, todo o menino nascido, era para alimentar a hedionda guerra.
Cedo me dei conta deste imenso erro: em 1961, vi na TV os soldados incendiarem cubatas de palha... ainda tenho diante dos olhos essa imagem: eu julgava que as pessoas estavam escondidas dentro de suas casas.
Assim foi o despertar.
Minha mãe tinha morrido há meses, eu trajava de preto... meu pai comandava sei lá o quê nessa guerra: foi-se embora e nem se despediu.
Cresci de casa em casa, como já te contei.
E dentro de mim crescia o discernimento. No secundário, fui encontrando pessoas que não concordavam de modo nenhum com a guerra.
Escrevi muito sobre ela, os meus escritos passavam para a Argel e, daí, para o mundo.
Enfrentámos as garras da polícia política, muitas vezes corri por ruas e ruelas, nem se quais, qual gato vadio.
O teu poema é o mais belo que li sobre África, neste país de guerreiros à força e de poetas.
Agora, amigo, deixa que as minhas lágrimas aliviem a emoção que, mais uma vez, o teu poema me causou.
Um enorme abraço,
Maria
Lindo e emocionante! Grande mãe África! Muito, muito bom, poeta. Forte abraço.
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