NALDOVELHO
A campainha da porta, não toca!
A fechadura emperrada, enferrujada.
Um vaso de vidro, flores murchas num canto.
O rádio ligado não sintoniza nada!
A vidraça embaçada, chove aqui dentro.
Lá fora a cidade agoniza e chora.
Os carros que passam atropelam as horas.
O sinal está fechado já faz um bom tempo
e as pessoas assustadas, apressadas, nem olham,
tropeçam e caem, levantam e fogem.
Na parede do meu quarto um quadro sombrio:
paisagem de outono, folhas caídas, abandono.
O papel sobre a mesa, o cigarro entre os dedos,
a ardência nos olhos, faz tempo eu não bebo!
Faz tempo eu não choro, não sonho, não oro.
Na gaveta da cômoda um maço de cartas,
escritas aflitas, gritos de amor.
Nunca foram postadas, não sei teu endereço!
Amanhece lá fora, aqui dentro o silêncio.
Já não chove aqui dentro, agora chove lá fora.
Lá no fundo do meu umbigo: esforço, esboço,
tentativas fracassadas de um poema de amor.
LOVE POEM
NALDOVELHO
The door bell, don't touch!
The jammed, rusted lock.
A glass vase, wilted flowers in a corner.
The radio tunes not bound to anything!
The blurry, it rains here inside glazing.
Outside the city last gasp and cry.
The passing cars violate the hours.
The signal is closed already makes a good time
and people scared, hurried, or look,
stumble and fall, rise and flee.
On the wall of my room a gloomy picture:
autumn landscape, fallen leaves, abandonment.
The paper on the table, the cigarette between his fingers,
the burning sensation in the eyes, makes time I don't drink!
Long time I did not cry, do not dream, don't pray.
In the drawer of the dresser a packet of letters,
written afflicted, cries of love.
Have never been posted, I do not know your address!
Wakes out there, here in the silence.
No longer it rains here in, now it rains outside.
There at the bottom of my navel: effort, sketch,
attempts a love poem.
Translation into English by Marlene Nass
POÉME
D´AMOUR
NALDOVELHO
La
porte de bell, Don't touch !
Le
verrou bloqué, rouillé.
Un
vase en verre, fleurs flétries dans un coin.
Les
airs de radio ne pas liés à quelque chose !
Le
flou, il pleut ici à l'intérieur du vitrage.
À
l'extérieur de la ville, dernier souffle et pleurer.
Les
voitures passant violent les heures.
Le
signal est fermé déjà fait un bon moment
et
les gens peur, se précipite ou regarder,
trébucher
et tomber, monter et fuir.
Sur
le mur de ma chambre une image sombre :
paysage
automne, feuilles mortes, abandon.
Le
papier sur la table, la cigarette entre ses doigts,
la
sensation de brûlure dans les yeux, fait de temps, je ne bois pas !
Longtemps
je ne pas pleurer, ne rêvez pas, ne pas prier.
Dans
le tiroir de la commode un paquet de lettres,
écrits
affligés, cris d'amour.
N'ont
jamais été publié, je ne connais pas votre adresse !
Sillage
là-bas, ici, dans le silence.
N'est
plus il pleut ici, maintenant, il pleut à l'extérieur.
Il
y a au bas de mon nombril : effort, croquis,
tente
un poème d'amour.
Traduction
en Français par Marlene Nass
MUITO LINDO AMIGO...TENHA UMA BOA TARDE ...
ResponderExcluirQue espetáculo!
ResponderExcluirUm show de poesia...merece ser compartilhada. Amigo! Você escreve divinamente bem...nos prende totalmente à leitura. Penso que quem o l~^e, sempre quer mais.
Uma bela noite.
Um grande abraço.
Entre os sustos, tropeços e aflições, surge mais um belo poema, como tudo que vc escreve, amigo Naldo Velho. Adorei! Receba um forte e carinhoso abraço.
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