quinta-feira, 4 de agosto de 2011

OUTUBRO DE 1959

   NALDOVELHO

   Sonhei com coisas cheias de limo,
   pedras, reentrâncias, paredes, segredos,
   um beco úmido e estreito,
   lembranças de um triste enredo, 
   nostalgia, solidão.

   Sonhei com um quintal abandonado,
   roseira ressequida, quase morta
   e uma vontade de abrir a porta,
   buscar na casa objetos esquecidos,
   vestígios das histórias que ninguém contou.

   Sonhei com minha mãe costurando na sala,
   cerzia uma colcha faz tempo esgarçada,
   e o rádio ligado, Dolores Duran...
   E uma voz apressada trazia a notícia,
   era o pai que dizia: acho que ela se matou!

   Criança ainda eu não entendia,
   minha mãe enxugava as lágrimas
   e o meu pai nem notou!

   "Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver,
   quero a primeira estrela que vier
   para enfeitar a noite do meu bem".

   Desde então a presença de espaços,
   pequenas memórias, fragmentos, pedaços,
   lágrimas medrosas que dos olhos não brotam,
   e a voz do pai que mais parecia um trovão:
   deixa de besteira menino!
   vai brincar na rua 
   que eu e sua mãe precisamos conversar!

8 comentários:

  1. Porque será que os adultos se esquecem que as crianças também pensam...
    ...e porque será que minimizam os seus problemas?
    Provavelmente, pela seu tamanho...

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  2. Grandes memórias e doces momentos são guardados dentro do coração.
    Parabéns, poeta!

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  3. Há situações que, definitivamente, marcam.
    Triste sonho que o Bardo apresenta de forma melodiosa e um tanto mágica.

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    1. Octobre 1959.


      NALDOVELHO



      Rêvé avec des choses remplis de limon,
      pierres, les découpages, les murs, les secrets,
      la ruelle étroite et humide,
      souvenirs de l'histoire triste,
      nostalgie, solitude.



      Rêvé avec d'arrière-cour abandonné,
      Rose-bush desséchée, presque mort
      et la bonne volonté vous il ouvre la porte,
      Recherche la maison oublié des objets,
      dessiner des histoires que personne n'a dit.



      Rêvé avec ma mère couture dans la salle,
      la rend couvre-lit équipe fut reprise éraillé,
      et la rayonnent sur, Dolores Duran...
      Et à la voix hâtive introduit la nouvelle,
      est le père qui a dit : Je crois qu'elle a tué lui-même !



      Enfant qu'encore je ne comprenait pas,
      Ma mère était séchage des larmes
      et mon père ni remarqué !



      « Aujourd'hui, je veux la plus belle rend exécutée qu'il existe,
      Que manger je veux la première étoile
      vous il ornent la nuit de ma bonne ».



      Depuis, la présence d'espaces,
      petits souvenirs, des éclats, des morceaux,
      les larmes qui craignent que les yeux de le ne germer,
      et la voix du père qui a examiné le tonnerre vit comme :
      Feuilles d'un garçon de conneries !
      Jouera dans la rue,
      que votre mère et je vous devez il parler !

      ( Traduit en Français par Marlene Nass.)

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  4. October 1959.

    NALDOVELHO


    Dreamed with things filled with silt,
    stones, cutouts, walls, secrets,
    the damp and narrow alley,
    memories of the sad story,
    homesickness, loneliness.


    Dreamt with to backyard abandoned,
    rose-bush parched, almost dead
    and the willingness you it open the door,
    Search the House forgotten objects,
    draw of stories that nobody told.


    Dreamed with my mother stitching in the room,
    the bedspread makes team was darning frayed,
    and the radiate is on, Dolores Duran...
    And to hasty voice brought the news,
    was the father who said: I think she killed himself!


    Child still I did not understand,
    My mother was drying tears
    and my father nor noticed!


    ' Today, I want the most beautiful renders rose-colored that there is,
    That eat I want the first star
    you it adorn the night of my good '.


    Since then the presence of spaces,
    small memories, shards, chunks,
    tears fearful that the eyes of the not sprout,
    and the voice of the father who looked the Thunder lives like:
    Leaves of bullshit boy!
    Will play in the street,
    that I and your mother we need you it talk!

    ( Translation for English by Marlene Nass.)

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  5. É uma injustiça! Mas, amado Poeta, quem me dera ter menos memória! Ter menos entendimento de quanto se passava... aqui e ali acharás uma linha da tragédia sofrida por esta criança....não falarei dela agora.
    O teu poema fez-me ver em paralelo os sonhos e as realidades desta criança, em que ninguém reparava, ninguém mandava embora....
    Muito obrigada pela sensibilidade e excelência da tua poesia!
    Fraterno abraço,
    Maria

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  6. Excelente poesia, retratando uma grande realidade.
    Só é possível ensinar uma criança a amar, amando-a.
    Johann Goethe

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  7. Excelente poesia retratando uma dura realidade.
    Só é possível ensinar uma criança a amar, amando-a.
    Johann Goethe

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