quinta-feira, 4 de agosto de 2011

ESTRANHO

   NALDOVELHO

   Ando por estas ruas como se fosse um estranho.
   Tropeço em meio-fios, esbarro em árvores,
   confundo esquinas, escorrego e caio
   e sem saída num beco escuro, penso:
   melhor voltar, recomeçar.

   Às vezes converso com as sombras,
   pois mal consigo perceber o rosto das pessoas
   e assusto-me com o silêncio dos que passam
   e não percebem num poema, um detalhe, que seja!

   Já não colho flores nos jardins desta cidade,
   e os parques desconhecem o riso puro das crianças.
   No céu, carregado de nuvens, prenúncio de chuva,
   vento frio, muita umidade, pouca visibilidade no ar.

   Ando sozinho por estas ruas, já faz tempo.
   Busco um sorriso, um olhar, quem sabe?
   Uma lágrima de saudade, um abraço de chegada,
   uma palavra, um verso, quase nada!

   Ao longe percebo pássaros em revoada,
   sinal de vida no horizonte, ainda que distante.
   Nos templos, portas impedem a minha entrada
   e aqueles que se importam, nada podem, aprisionados.

   E mais um tropeço, outro beco sem saída.
   Já não escrevo mais poemas, desencravo-os,
   como se fossem espinhos, ou cacos,
   espetados por todo o corpo.

   Olhos para os lados e pouco vejo.
   Dia nublado, prenúncio de chuva,
   tarde cinzenta de outono,
   vento frio, pouca visibilidade no ar.


   STRANGE
   NALDOVELHO

   I walk by these streets the if it were to stranger.
   Stumble amid-wires, control on trees,
   confusing corners, I slip and fall
   and without output in the dark alley, I think:
   best back, start overnight market.

   Sometimes I talk with the shadows,
   because barely carries out people's faces
   and scare me with the silence of that pass
   and don't carry out in they put it, the detail that is!

   In the longer reap flowers in the gardens of this city,
   and the parks plows unaware of puree laughter of children.
   In heaven, clouds, harbinger of rain,
   cold wind, humidity, poor visibility in the air.

   I walk alone it will be these roads, already makes team.
   Do I look for the smile, for the look, who knows?
   To loom of nostalgia, the hug of arrival,
   the Word, her be, almost anything!

   You it further understand birds in when it soared,
   sign of life on the horizon, even that far.
   In temples, doors prevent my entry
   and those who care, nothing can, imprisoned.

   And one lives stumbling, another dead-end.
   I don't write lives poems, I unpin,
   the if they were thorns, or shards,
   spiky throughout the body.

   Eyes you it the sides and little I see.
   Cloudy day, harbinger of rain,
   it barks autumn grey
   cold wind, poor visibility in the air.

   Translation will be English by Marlene Nass

   ÉTRANGE
   NALDOVELHO

   Je marche par ces rues le si c'était à l'étranger.
   Trébucher au milieu-fils, contrôle sur les arbres,
   confusion des coins, glisse et de l'automne
   et sans la sortie dans la ruelle sombre, je pense :
   meilleur arrière, démarrer le marché au jour le jour.

   Parfois je parle avec les ombres,
   parce qu'à peine effectue des visages du peuple
   et de me pousser avec le silence de ce pass
   et ne pas transporter hors dans leur dit, le détail qui est !

   Dans les fleurs reap plus longtemps dans les jardins de cette ville,
   et le chasse-neige Parcs pas au courant de la purée de rire des enfants.
   Dans le ciel, les nuages, signe avant-coureur de la pluie,
   vent froid, humidité, manque de visibilité dans l'air.

   Je marche seul il sera ces routes, déjà fait équipe.
   Rechercher le sourire, pour le look, qui sait ?
   Pour le métier à tisser de nostalgie, l'étreinte de l'arrivée,
   le mot, lui être, presque n'importe quoi !

   Vous il davantage comprenez quand il en flèche, les oiseaux
   signe de vie à l'horizon, et même que de loin.
   Dans les temples, portes empêchent mon entrée
   et ceux qui prennent soin, rien ne peut, emprisonné.

   Et l'on vit trébuchant, un autre impasse.
   Ne pas écrire des poèmes de la vie, je détacher,
   le si elles étaient des épines ou tessons,
   piquant dans tout l'organisme.

   Vous les yeux il les côtés et peu je ne vois.
   Journée nuageuse, signe avant-coureur de la pluie,
   il aboie automne gris
   vent froid, manque de visibilité dans l'air.

   Traduction en Français par Marlene Nass



11 comentários:

  1. "Olhos para os lados e pouco vejo.
    Dia nublado, prenúncio de chuva,
    tarde cinzenta de outono,
    vento frio, pouca visibilidade no ar."
    que não impediram o surgimento de um belíssimo poema!
    Parabéns, Naldo!

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  2. poema escrito com alma,e com que vai no coração.Belo!

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  3. Grande Poeta, que bela composição poética. Parabéns!

    Um abraço.
    Rosemary Quintas

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  4. É amigo Naldo Velho, às vezes andamos sem destino, trocando passos com a solidão. Momentos de "conversar com as sombras". Como sempre, mais um encantador e magnífico poema. Adorei,amigo! Parabéns! Abraços

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  5. Naldo: seus poemas sempre me tocam fundo. Você é um grande artesão das palavras. Parabéns.

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  6. Lindo, maravilhoso, a cada dia me delicio com um poema seu, obrigada, Naldo, bjs

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  7. Ando sozinho por estas ruas, já faz tempo.
    Busco um sorriso, um olhar, quem sabe?
    Uma lágrima de saudade, um abraço de chegada,
    uma palavra, um verso, quase nada!
    Naldo belo demais...É incrível como o poeta escreve sensações tão nossas! E a gente pergunta: Como ele sabe?... Pois é, por isso é poeta. Bjs

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  8. parabéns amigo! Não pare nunca de fazer o gosta, pois, fazer o que gostamos é fazer o que o coração manda... E assim, tratando bem do coração ele também nos trata e aqueles que o conseguem ouvir...

    Grande abraço!

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  9. Belo, nostágico, triste ... mas, simplemente, lindo!
    Abraços

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  10. ADOREI O BLOG LINDISSIMO! BEIJOS POETA LINDO

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