domingo, 21 de agosto de 2011

QUANDO A POESIA SE CALA

    NALDOVELHO

    Quando a poesia se cala,
    flores murcham nos jardins,
    galhos secos, retorcidos,
    não mais voa o colibri
    e seu ninho abandonado
    já não se presta mais a nada.

    Quando a poesia se cala,
    amanhece e o sol desanimado
    dá a vez a nuvens escuras,
    tormentas no horizonte,
    sinal de derrota, loucura,
    mordaças permitidas, clausura.

    Quando a poesia se cala,
    anoitece e a lua surge nublada,
    sombria, medrosa, acovardada;
    as noites ficam estranhas,
    janelas e portas trancadas...
    Teias intrincadas tecidas por uma aranha.

    Quando a poesia se cala,
    livros são queimados nas praças,
    pensamentos censurados antes que nasçam,
    vira verdade o que antes era mentira,
    e transformam em mentira
    duras e amargas verdades.

    Quando a poesia se cala,
    loucos tiranos brindam ao desespero,
    taças cheias do vinho da insensatez
    e a guerra vira o único caminho,
    infiéis, passaremos todos pelo fio da espada,
    e o poeta calado não dirá NÃO!?

6 comentários:

  1. Ainda bem que existe você para nunca deixar o silêncio invadir o universo!A poesia haverá de gritar sempre mais alto. Beijo Poeta!

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  2. Quando a poesia se cala, é porque as dores ultrapassaram a capacidade da escrita...
    muito triste, amigo, muito atual e real seu poema. Beijinhos

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  3. Um perfeito relato do que seria o mundo sem a poesia. Sem os sonhos da poesia. Penso que seria bem assim mesmo meu amado amigo Naldo.
    E que a voz da poesia nunca se cale, para que nunca possamos ver o mundo sem cor e sonhos.
    Uma bela noite e grande abraço.

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  4. ADOREI PARTICIPAR DO SEU BLOG.UM ABRAÇO,ELIS

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  5. Infinitas gracias querido y admirado poeta por concedernos el privilegio de sumergir nuestra alma en el bello manantial de tus versos. Muchos besinos y feliz inicio de semana te deseo con inmenso cariño.

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  6. Sempre belíssimos e inspirados! Parabéns e obrigada por indicar seu trabalho. Beijos saudosos, Luli

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