quinta-feira, 4 de agosto de 2011

PREDADOR DE SI MESMO

   NALDOVELHO

   Dentro do quarto: 
   curto circuito, coito interrompido, 
   coisa mal resolvida, prenúncio de partida, 
   de preferência sem despedida.
   
   Quem foi que disse que era para ser eterno?
   O poeta? O poeta é um louco!
   Abre a janela, derrama sonhos,
   e inquieto se entrega ao abandono,
   escreve um monte de bobagens e morre.
   
   Morre ausente de si mesmo,
   morre de amor e vida,
   sufocado por dor de partida,
   bêbado de desenganos,
   soterrado em seus escombros.
   Lá fora, o tempo finge que vai embora,
   anuncia ser mero observador,
   ri da pretensão do poeta,
   mostra que a eternidade não existe,
   e diz que aquele que insiste
   vira o seu próprio predador.
   
   Dentro do quarto: poemas,
   inventário dos meus estragos,
   alguns perecem inacabados;
   outros, pretensas tentativas
   de me eternizar nas palavras...
   
   O poeta? O poeta é um tolo!
   Prenúncio de despedida,
   predador de si mesmo,
   derramado em seus sonhos
   pelos becos sem saída,
   esquinas que ele não dobrou,
   poesia que ele não ousou.

7 comentários:

  1. "O poeta não ousou", mas você usa e abusa da sua criatividade, sensibilidade irretocável!
    Parabéns, Naldo!

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  2. Nada é eterno mesmo, amigo Naldo Velho! Vez por outra fazemos esse inventário das coisas mal resolvidas e saímos "derramado sonhos pelos becos sem saída", faz parte! Quanto ao poeta, esse é um sonhador, um inquieto buscador de amor e de vida, no qual vc é um grande mestre! Amei, seu poema....belíssimo! Abraço carinhoso poeta

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  3. Que lindo te ler! Tantas metáforas maravilhosas. Parabéns!

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  4. PREDATOR YOURSELF

    NALDOVELHO


    Inside of the room:
    short circuit, coitus interruptus,
    evil thing solved, harbinger of departure,
    preferably without farewell.

    Who said it was to be eternal?
    The poet? The poet is crazy!
    Opens the window, pours dreams,
    and fidgety if delivery to the abandonment,
    writes a lot of nonsense and dies.

    Dies out of yourself,
    dies of love and life,
    suffocated by pain of departure,
    drunk of story,
    buried in their rubble.

    Outside, the forecast pretends that goes away,
    Announces be mere observer,
    ri poet's claim,
    shows that eternity doesn't exist,
    and says that he who insists
    tap your own predator.

    Inside the room: poems,
    inventory of my havoc,
    some unfinished perish;
    other, so-called attempts
    remembering me in words ...

    The poet? The poet is a fool!
    Harbinger of farewell,
    Predator yourself,
    poured into your dreams
    by dead-end alleys,
    corners that he not doubled,
    poetry that he dared not.

    Translated into English by Marlene Nass.

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  5. PRÉDATEUR VOUS-MÊME

    NALDOVELHO


    À l'intérieur de la salle :
    court circuit, coït interrompu,
    chose mal résolu, signe avant-coureur de départ,
    préférence sans adieu.

    Qui a dit qu'il devait être éternelle ?
    Le poète ? Le poète est fou !
    Ouvre la fenêtre, déversent des rêves,
    et agité si livraison à l'abandon,
    écrit beaucoup de non-sens et meurt.

    Décès de vous-même,
    meurt d'amour et de vie,
    étouffé par la douleur du départ,
    ivre d'histoire,
    enterré sous les décombres.

    À l'extérieur, les prévisions prétendent que va plus loin,
    Annonce être simple observateur,
    réclamation du poète RI,
    montre que l'éternité n'existe pas,
    et dit qu'il qui insiste sur le fait
    exploiter votre propre prédateur.

    À l'intérieur de la salle : poèmes,
    inventaire de mes dégâts,
    certains inachevé périr ;
    d'autres tentatives de soi-disant
    me souvenir en mots...

    Le poète ? Le poète est un idiot !
    Signe avant-coureur d'adieu,
    Prédateur vous-même,
    versé dans vos rêves
    par impasse ruelles,
    coins qu'il pas doublé,
    poésie qu'il avait osé pas.

    Traduit en Français par Marlene Nass.

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  6. Ai, que pancadão, Naldo, é tudo o que estou sentindo hoje, uma poetisa predadora de mim mesma, e vc descreveu tão bem, e tão lindamente, diligente, insistentemente...a poesia me consome, a sua me alimenta, bjssssssssssssssssssssssssssssssssss

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