sexta-feira, 19 de agosto de 2011

MEU DESASSOSSEGO


   NALDOVELHO

   Meu desassossego costuma trilhar caminhos 
   que eu não consigo entender.
   Quantas vezes em intermináveis retas,
   ele cria esquinas, atalhos, rotas de escape,
   passagens complexas que vão dar em nada,
   mas que ainda assim eu percorro a cometer heresias,
   pois é sina do poeta reescrever a história,
   que faz tempo, Você determinou que vivêssemos.

   Outro dia cismei que o meu sangue
   circulava impunemente ao contrário,
   e ao acreditar nisso eu me via
   a caminhar por ruas desertas,
   a colher sementes incertas
   em madrugadas solitárias e insones,
   e novamente em camas erradas,
   encharcadas de aguardente e orvalho,
   náufrago de minha fraca vontade,
   escravo da solidão.

   E ao me olhar no espelho percebia 
   que havia ali uma imagem
   que certa luminosidade transmitia,
   coisa ainda muito precária,
   bem menor do que eu pretendia,
   pois apesar do tempo na estrada,
   dos naufrágios sofridos pela vida,
   e especialista em caminhar entre escombros,
   o desassossego que eu trazia impedia 
   que eu conseguisse compreender.

   Meu desassossego gosta de tecer armadilhas...
   Só me resta tentar sobreviver. 

7 comentários:

  1. Sempre em exercício da função: da poesia!
    André Santana

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  2. Sobreviver em meio a versos e um belo poema escrever, como este.
    Parabéns, Naldo!

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  3. MY DISQUIET



    NALDOVELHO


    My disquiet usually treads ways
    what I do not manage to understand.
    All the times in interminable straights,
    he creates corners, short cuts, routes of leak,
    complex passages that are going to give in nothing,
    but through what even so I go committing heresies,
    since it is a fate of the poet to rewrite the history,
    what does time, You determined what we were surviving.


    Another day I meditated that my blood
    it was circulating with impunity on the contrary,
    and when I believed in that I was seeing myself
    walking in deserted streets,
    the spoon uncertain seeds
    in lonely and sleepless dawns,
    and again in wrong beds,
    soaked of spirit and dew,
    castaway of my weak will,
    slave of the solitude.


    And while looking at each other in the mirror it was realizing
    that there was there an image
    which certain brightness was it transmitting,
    thing still very precarious,
    well juvenile of which I was intending,
    so in spite of the time on the road,
    of the shipwrecks suffered by the life,
    and specialist in walking between debris,
    the disquiet what I was bringing was obstructing
    what I was managing to understand.


    My disquiet likes weaving traps...
    Only I still have to try to survive.

    Translation into English by Marlene Nass.

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  4. MON POUR INQUIÉTER



    NALDOVELHO


    Mon pour inquiéter d'habitude les pas les voies
    que je ne réussis pas à comprendre.
    Tous les temps dans straights interminable,
    il crée des coins, des coupes courtes, les trajets de fuite,
    les passages complexes qui vont ne donner dans rien,
    mais par que quand même je vais en commettant des hérésies,
    puisque c'est un destin du poète pour réécrire l'histoire,
    ce qui chronomètre vraiment, Vous avez déterminé que nous survivions.


    Un autre jour j'ai médité ce mon sang
    il circulait en toute impunité au contraire,
    et quand j'ai cru en que je me voyais
    les promenades à pied dans les rues abandonnées,
    la cuillère graines incertaines
    dans les aubes seules et sans sommeil,
    et de nouveau dans les lits faux,
    trempé de l'esprit et la rosée,
    le naufragé de ma faible volonté,
    esclave de la solitude.


    Et en se regardant dans le miroir il réalisait
    que là se soit trouvé présent une image
    qu'un certain brillant était cela la transmission,
    la chose toujours très précaire,
    bien juvénile dont je destinais,
    ainsi malgré le temps sur la route,
    des naufrages subis par la vie,
    et le spécialiste dans les promenades à pied entre les débris,
    le fait d'inquiéter que j'apportais obstruait
    que je réussissais à comprendre.


    Mon pour inquiéter aime tisser des pièges...
    Seulement je dois toujours essayer de survivre.

    La traduction dans le Français par Marlene Nass.

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  5. belíssima prosa poética.. sempre desenhando imagens e transpondo sentidos e percepções numa arquitetura circundada de poesia. saudações poeta!

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  6. Deslumbrante!

    " pois é sina do poeta reescrever a história,.."

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  7. ✰❀♫✰❀ ♫✰❀♫✰❀Infinitas gracias querido y admirado poeta por hacernos confidentes de la belleza de tu sensible y dulce alma de poeta. Muchos besinos y feliz domingo.

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