segunda-feira, 15 de agosto de 2011

LÍNGUA


    NALDOVELHO

    Língua profana
    que invade domínios,
    em busca de encantos,
    ardidos segredos,
    sementes molhadas,
    iguarias sagradas,
    revelações.

    Língua vadia
    que perambula abusada
    por trilhas, atalhos,
    e por todos os lados
    semeia desejos,
    colhe essências
    de ervas curtidas,
    alucinação!

    Língua atrevida
    em busca do orvalho
    que brota suado
    do corpo tomado
    pela excitação.

    Língua peçonha
    deixou em meus poros
    o veneno curado,
    e trouxe a demência
    de ser teu escravo,
    teu pasto e repasto,
    tirou-me as pernas,
    já não posso fugir.

6 comentários:

  1. TONGUE



    NALDOVELHO


    Profane tongue
    what invades powers,
    in search of enchantments,
    hot secrets,
    wet seeds,
    sacred delicacies,
    revelations.


    Idle tongue
    what wanders gone too far
    for tracks, short cuts,
    and all around
    it sows wishes,
    it gathers essences
    of tanned herbs,
    hallucination!


    Cheeky tongue
    in search of the dew
    what flows sweated
    of the taken body
    for the excitement.


    Tongue poison
    it left in my pores
    the cured poison,
    and it brought the dementia
    of being your slave,
    your pasture and repast,
    it took the legs from me,
    I cannot already escape.


    Translation into English by Marlene Nass.

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  2. LANGUE



    NALDOVELHO


    Langage blasphématoire
    qui envahit les zones
    à la recherche de charmes,
    Moisis, secrets
    graines humides,
    délices sacrés
    révélations.


    Putain de langue
    qui erre maltraités
    par les sentiers, raccourcis,
    et de tous les côtés
    désirs de truies,
    récolte des essences
    Herbal tanné,
    hallucination !


    Langue Sassy
    à la recherche de rosée
    springing sueur
    le corps pris
    par excitation.


    Langue de venin
    gauche dans mes pores
    le venin guéri,
    et la démence
    être ton esclave,
    votre pâturage et hors-d'œuvre,
    me prend les jambes,
    Je ne peux pas fuir.


    Traduction de Français pour Marlene Nass.

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  3. Língua fonte do prazer oral, musa inspiradora do poeta em alucinadas constatações. Abreijos, guida

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  4. Lingua faminta, felina,mordaz! desliza insinuante entre corpos e gostos, e se farta!!!!

    Belissima poesia, querido NALDO...como sempre!!!!
    beijos
    heloisa crosio

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  5. O que uma língua não é capaz em amigo Naldo? Nos leva a loucura...bom demais.
    Gostei muito dessa estrofe
    "Língua vadia
    que perambula abusada
    por trilhas, atalhos,
    e por todos os lados
    semeia desejos,
    colhe essências
    de ervas curtidas,
    alucinação!"...viagem intensa dessa língua, que busca o amor.
    Uma bela noite, um grande abraço.

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  6. Excelente, Naldo, e, dialogando com o seu poema:

    ... este é um poema linguarudo, tagarela, não pára de falar ...

    * LINGUAS *
    ( I - POEMA LINGUARUDO )
    ( II - TAGARELANDO )

    I - * POEMA LINGUARUDO *

    Linguas sabidas,
    Bem serelepes;
    Tal qual moleques,
    Travêssas na boca;

    Linguas felinas,
    Bem femininas;
    Pousam nas minhas,
    De leve, traquinas;

    Linguas macias,
    Linguas carnudas;
    Linguas falantes,
    Com gosto de uva;

    Linguas lambidas,
    Bem mordiscadas;
    Umidas, molhadas,
    De muita saliva;

    Linguas gostosas,
    Tem linguas prosas;
    Linguas ferinas,
    Linguas cruéis;

    Linguas malditas,
    Linguas bondosas;
    Tem linguas ditosas,
    E linguas maldosas;

    Linguas lascivas,
    Com gosto de mel;
    Linguas faceiras,
    E linguas de fel;

    Linguas eróticas,
    Muito exibidas;
    Há linguas tímidas,
    E as descontraidas;

    Lingua de sapo,
    Que nem bem é lingua;
    Lingua de trapo,
    Lingua atrevida;

    Lingua melosa,
    Sensual lingua;
    Lingua estrangeira,
    Na minha lingua;

    Lingua de fogo,
    Lingua ardida;
    Lingua mordida,
    Mordida na lingua;

    Lingua dos anjos,
    Lingua na lingua;
    Beijos de lingua,
    Só da tua lingua!

    - Ricardo Daiha -

    ... e, como eu já tinha dito antes, no início, que era este é um Poema Linguarudo, sempre em andamento, em construção:

    II - * TAGARELANDO *
    ( ... de LINGUAS - POEMA LINGUARUDO )

    E no céu da boca,
    Nas nuvens da lingua;
    Secura nos lábios,
    Áspera lingua;

    Molhada, lambida,
    Com gosto de lingua;
    Mel e perdigoto,
    Enxague saliva;

    Lingua sedenta,
    Com sêde de lingua;
    Lingua sorvida,
    Sorvete de lingua;

    Lingua vermelha,
    Versejante lingua;
    Lingua que esguelha,
    Pela minha lingua;

    E de todas as linguas,
    Que fazem caretas,
    Que falam de dor,
    Ou teimam em ser prêsas;

    A tua lingua,
    Tem melhor sabor;
    São sempre surprêsas,
    Tem gosto de cor;

    Bem lânguidamente,
    Beijo a tua lingua;
    Pois nada é melhor,
    Nem mais gostoso;

    Que um beijo de lingua,
    Bem saboroso;
    Que ter a minha lingua,
    Na tua lingua;

    Lingua de amor.

    - Ricardo Daiha -

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