quinta-feira, 11 de agosto de 2011

EM MEU QUARTO VAZIO


     NALDOVELHO

     Tem dias de pássaros voando assustados,
     de vento vadio ventando ao contrário,
     de sol escondido em nuvens cinzentas,
     de águas que brotam e inundam a casa,
     de chuva insistente molhando a cidade,
     de café com adoçante, ainda faz falta um cigarro.

     Tem dias que eu penso e não entendo nada,
     palavras e pessoas no idioma errado,
     livros fechados na estante, coitados,
     ardência nos olhos e um fastio estranho,
     tapeçaria inacabada num canto largada,
     vontade de ir nem sei onde, fazer nem sei o quê.

     Tem dias que eu acordo com ruídos no armário,
     lembranças, fantasmas, pertences, guardados,
     muitas coisas misturadas, algumas em desuso,
     e as águas que eu tenho a fazer um estrago...
     Se eu abrir a janela corredeiras tamanhas,
     minha história virou fonte, nascente de rio,
     naufraguei em poemas em meu quarto vazio.

     IN MY EMPTY ROOM
     NALDOVELHO

     It has days of birds flying frightened,
     of idle wind being windy on the contrary,
     of sun hidden in grey clouds,
     of waters that produce and flood the house,
     of insistent rain wetting the city,
     of coffee with sweetener, a cigarette is still needed.

     It has days that I intend and do not understand anything,
     words and persons in the wrong language,
     books closed in the bookcase, poor,
     ardency in the eyes and a strange lack of appetite,
     unfinished tapestry in a corner released,
     of going I do not even know will where, to do I do not even know what.

     It has days that I agree with noise in the closet,
     memories, ghosts, possessions, stored, mixed, some
     many things in disuse,
     and the waters that I have to do a damage ...
     If I open the window sized Rapids,
     my story-turned-source, source of the River,
     I was wrecked in poems in my empty room.

     Translated into English for Marlene Nass.

     DANS MA CHAMBRE VIDE
     NALDOVELHO

     Il a des jours d'oiseaux volant effrayé,
     vent ralenti étant venteux au contraire,
     Soleil caché dans les nuages gris,
     des eaux qui produisent et inondent la maison,
     de pluie insistante de la ville, mouillage
     de café avec édulcorant, une cigarette est toujours nécessaire.

     Elle a jours que j'entends et ne pas comprendre quoi que ce soit,
     Mots et les personnes dans la mauvaise langue,
     fermeture de livres dans la bibliothèque, pauvre,
     ardency dans les yeux et un étrange manque d'appétit,
     tapisserie inachevée dans un coin sorti,
     d'aller je ne savent même pas volonté où pour faire je ne même sais pas quoi.

     Il a des jours que je suis d'accord avec bruit dans le placard,
     souvenirs, fantômes, possessions, stockés, mixte, certains
     beaucoup de choses en désuétude,
     et les eaux que je dois faire un dommage...
     Si j'ouvre la fenêtre taille des rapides,
     mon histoire-tourné-source, source de la rivière,
     J'ai fait naufrage dans les poèmes dans ma chambre vide.

     Traduit en Français pour Marlene Nass.

     NELLA MIA STANZA VUOTA
     NALDOVELHO

     Ci sono giorni di uccelli volando spaventati,
     di vento che soffiano al contrario,
     di sole nascosto nelle nuvole grigie,
     di acqua che sorgono e inondano la casa,
     di pioggia persistenti bagnando la città,
     di caffè con dolcificante, manca ancora una sigaretta.

     Ci sono giorni che io penso e non capisco nulla,
     parole e persone nella lingua sbagliata,
     libri chiusi sullo scaffale, poveri,
     bruciore agli occhi e una strana stanchezza,
     tappeto incompiuto in un'angolo abbandonato,
     voglia di andare non so dove, fare non so cosa.

     Ci sono giorni che mi sveglio con i rumori nell'armadio
     ricordi, fantasmi, cose immagazzinati,
     tutto un mischio, alcune senz' uso,
     e le acque che fanno disastro ...
     Se apro le finestre grande trabbocata,
     La mia storia è diventata una fonte, sorgente del fiume,
     ho naufragato sulle poesie nella mia stanza vuota.

     Traduzido para o italiano por Fernanda Belotti

6 comentários:

  1. Meu amigo...quando leio teus poemas me transporto no tempo e espaço...já tens algum livro publicado?

    ResponderExcluir
  2. Lindo, tem dias assim mesmo, prá todos nós, poetas, sensíveis trovadores, tristeza que se faz beleza, bjs

    ResponderExcluir
  3. É lindo sentir a facilidade com que os versos escorrem pelos seus poemas: líricos e suaves.

    ResponderExcluir
  4. Parabéns, lindo, amei a delicadeza com que nos alcanças o coração..Obrigada ...

    ResponderExcluir
  5. O mundo está mudado, é cada vez mais frequente esses dias às avessas, cheios de contradições e interrogações. Aquela "vontade de ir nem sei onde, fazer nem sei o quê", muito bem colocado nos seus belos versos. Adorei, amigo Naldo! Forte abraço

    ResponderExcluir
  6. Em um quarto vazio tantos pensamentos se formam...
    E pode ter certeza que há dias de pássaros e outros dias que somente moscas voam e nos assombras... mas tanto os dias de pássaros como os de moscas constroem nossa história, ora em quartos vazios... ora em descampados cheios de flores.
    Lindo o que escreve...

    ResponderExcluir