segunda-feira, 25 de julho de 2011

PENULTIMA CASA A DIREITA

   NALDOVELHO

   Casa branca, assobradada, 
   muro de pedras, gradeado,
   penúltima casa, segundo quarteirão,
   lado direito, sentido de quem desce.
   Na janela, meninas bonitas sorriem pra mim.  

   Águas, riachos, quintais, frutas tenras,
   manga rosa carnuda e gostosa,
   jambo, sapoti, peitos,
   algumas pêras, fartos melões!
   Colos encharcados, coxas quentes,
   cerejas presas entre as dentes,
   morangos molhados entre as pernas,
   suor, pele, e um tipo de orvalho,
   aquele cheiro, cabelos, pêlos, fiapos, que diacho!
   Fiquei todo lambuzado, baba de moça e caqui.

   Amanheço sem alarde, meio bêbado, meio louco...
   O poeta gosta de se atolar até o pescoço!
   Ou então, de ser seduzido por canto doído de sereia,
   de sentir presas cravadas em suas veias
   e unhas lascadas, espetadas em suas costas. 
   Mania de tecer teias, alimento de aranha.
   O poeta gosta de areia movediça

   Na esquina, encruzilhada, bar aberto,
   manhã cedo, café bem quente, chega de aguardente!
   Casa ao lado, muro de pedras, gradeado,
   já não correm águas de um riacho,
   e as meninas dormem um sono justo,
   cadeado no portão, cães ferozes de vigília.
   Rua das Professorinhas, número cinqüenta e quatro,
   penúltima casa, à direita, ao lado do Bar Solidão.  

14 comentários:

  1. Um poema cujo tema é constantemente abordado por artistas... poetas, pintores, escritores...
    porque será?
    E porque será que nunca se esgota?

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  2. Nossa, bela descrição amigo.... ficou lindo!!!
    Beijos
    Enice

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  3. Sabores e odores que desembocam no "Bar Solidão", onde a poesia flui com sofreguidão.
    Lindo!

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  4. Tempo e espaços de memória única,
    aguçam sentidos, nem sempre sabidos

    Sabores e desejos pairam no ar
    e te movem em frenesi

    Manhã de poeta enredado num frebril esgotamento,
    numa trama do excesso dentre ardentes corpos
    que se dissipam, lentamente

    E nos cantos do saber não te basta ilusão
    O hoje chegou supreendendo,
    trazendo em si, quiçá, à direita, o que te faz sentir só...

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  5. adorei. obrigada. gosto desse finalzinho, ultima casa a direita, ao lado do Bar solidào, onde todos nós ficamos esperando a saideira.

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  6. Que maravilha!!!Poema de uma descrição de estado, sentimentos e lugares deveras deslumbrante! Adorei! Parabéns!!!

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  7. bom demais cara. lindas palavras, lindo blog. perfeito.


    convido-te a conhecer meus escritos.

    www.joaoimenes.blogspot.com

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  8. PENULTIMATE HOUSE ON RIGHT

    NALDOVELHO


    White, built house,
    wall from stones, barred,
    penultimate house, according to block,
    whose right, hurt side goes down.
    In the window, pretty girls smile for me.


    Waters, brooks, back yards, tender fruits,
    pink fleshy and tasty sleeve,
    iamb, sapodilla, chests,
    some pears, full melons!
    Soaked laps, hot thighs,
    imprisoned cherries between the teeth,
    strawberries wetted between the legs,
    sweat, skin, and a type of dew,
    that smell, hairs, hairs, threads, what deuce!
    I was completely smeared, it dribbles of girl and persimmon.


    I dawn without flaunt, crazy drunk, way way...
    The poet likes bogging down up to the neck!
    Or then, of being seduced by hurt corner of mermaid,
    of feeling prisoners driven in his veins
    and nails chipped, stuck in his back.
    Mania of weaving webs, food of spider.
    The poet likes quicksand


    In the corner, crossroads, open bar,
    in the morning I give in, quite hot coffee, reprimand of spirit!
    He marries to the side, wall from stones, barred,
    they already do not run waters of a brook,
    and the girls sleep a just sleep,
    padlock in the gate, cruel dogs of wakefulness.
    Street of the Small Teachers, number fifty four,
    penultimate house, on the right, beside the Bar Solitude.

    Translated into English for Marlene Nass.

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  9. AVANT-DERNIÈRE MAISON SUR DROIT


    NALDOVELHO



    Blanc, construit la maison,
    mur de pierres, interdit,
    avant-dernière maison, selon le bloc,
    descend le côté droite, blessée.
    Dans la fenêtre, les jolies filles sourient pour moi.



    Eaux, brooks, back yards, les fruits tendres,
    Pink manches charnue et savoureuse,
    le Conseil, sapotillier, coffres,
    quelques poires, melons complets !
    Imbibé de tours, cuisses chaudes,
    cerises emprisonnés entre les dents,
    fraises mouillées entre les jambes,
    sueur, la peau et un type de rosée,
    qui sentent, poils, les poils, les threads, quelle deuce !
    J'ai été complètement tachée, il dribbles de fille et de kaki.



    Je l'aube sans exhiber, crazy drunk, moyen moyen...
    Le poète aime enliser jusqu'au cou !
    Ou alors, d'être séduit par un coin mal de sirène,
    des prisonniers de sentiment dans ses veines
    et clous ébréchée, coincé dans son dos.
    Manie de tissage de toiles, nourriture des araignées.
    Le poète aime les sables mouvants



    Dans le coin, Carrefour, bar ouvert,
    le matin, que je donne, dans un café bien chaud, réprimande d'esprit !
    Il se marie avec sur le côté, mur de pierres, interdit,
    ils n'exécutent pas déjà les eaux d'un ruisseau,
    et les filles dorment un sommeil du just,
    cadenas de la porte, cruels chiens d'éveil.
    Rue des petits enseignants, nombre cinquante quatre,
    avant-dernière maison, sur la droite, à côté de la barre de Solitude.


    Traduit en Français pour Marlene Nass.

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  10. Um Belo Poema descritico de locais e situações de todos os tempos... porque em todos os tempos sempre houve uma..."... Rua das Professorinhas, número cinqüenta e quatro,//penúltima casa, à direita, ao lado do Bar Solidão.".
    O meu abraço D'Áquem Mar
    J. Carlos
    http://www.avspe.eti.br/AvspePoetas2012/JoseCarlosdaSilvaPrimaz.htm

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  11. Adoravél! O tema feito sob medida para poetas, muito me agradou.

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  12. Meu querido e talentoso Naldo, que maravilha! Sua narrativa onírica - que para alguns pode parecer prosa - tem ritmo, ricas imagens e poesia, muita poesia. Belíssimo poema! Parabéns!

    Jorge Ventura

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  13. Maravilhoso, poeta! E emocionante. Impressionante como consegue criar o sentido de solidão, de angústia, de tristeza, somente embasado nas palavras certas e no tom lúgubre e lírico, que se harmoniza no clima e no tempo poéticos. Lindo! Parabéns! Tanussi Cardoso

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