quinta-feira, 28 de julho de 2011

DE OLHOS FECHADOS

   NALDOVELHO
  
   E tinha aquele tempo
   onde as ruas viviam sedentas
   e as calçadas eram como um livro:
   páginas da mais pura vadiagem!

   E eu nem conhecia a força
   que os versos traziam,
   mas ainda assim percebia
   a delicadeza das madrugadas
   molhadas de orvalho
   e imaginava tua janela aberta,
   e o som do meu violão
   a te deixar inquieta.

   E em sonhos invadia-te o quarto,
   e me instalava abusado
   por todos os cantos e lados
   a saborear os mínimos detalhes,
   e a cada carícia uma marca...

   Guardo até hoje a lembrança
   daquela tarde de outono,
   janelas fechadas, abandono...
   Quando soube da tua partida,
   que não moravas mais ali.

   E o que ficou foi só saudade
   de quem dobrou tantas esquinas
   e que há pouco reencontrei
   sem aquele sorriso de menina,
   mulher de olhar endurecido,
   muitos sulcos, tantas cicatrizes...

   E nem sabes o quanto
   eu ainda a carrego em meus sonhos,
   e que neles moro na mesma casa,
   perambulo pelas mesmas ruas,
   e conservo em mim a delicadeza
   de só pronunciar teu nome de olhos fechados
   que é para que o teu rosto de menina
   nunca se apague dentro de mim.

12 comentários:

  1. E eu nem conhecia a força
    que os versos traziam,
    mas ainda assim percebia
    a delicadeza das madrugadas
    molhadas de orvalho
    e imaginava tua janela aberta,
    e o som do meu violão
    a te deixar inquieta.

    MARAVILHOSO, adorei aqui chegar e ler estes versos, PARABÉNS!
    Efigênia Coutinho

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  2. Parece que descobriste a fonte da poesia, porque ela jorra em ti. " /de só pronunciar teu nome de olhos fechados/
    que é para que o teu rosto de menina/
    nunca se apague dentro de mim"./
    Quanta beleza nesse trecho. Forte abraço.
    Rozelene Furtado de Lima

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  3. OF SHUT EYES

    NALDOVELHO

    And it had that time
    where the streets were living thirsty
    and the sidewalks were like a book.
    Pages of the most pure vagrancy!


    And I not even knew the strength
    what the verses were bringing,
    but even so it was realizing
    the delicacy of the dawns
    soaking of dew
    and it was imagining your open window,
    and the sound of my guitar
    to leave to you uneasy.


    And in dreams the room was invading you,
    and it was installing me when it went too far
    for all the corners and sides
    savouring the least details,
    and to each caress a mark...


    I guard up to today the memory
    of that afternoon of autumn,
    shut windows, I leave...
    When he knew of your departure,
    that you were not living any more there.


    And what was was an alone longing
    of whom it doubled so many corners
    and that there is somewhat I met again
    without that girl's smile,
    woman of hardened glance,
    many furrows, so many scars...


    And you do not even know all that
    I still load it in my dreams,
    and that them I grasp at the same home,
    I wander in the same streets,
    and I preserve in me the delicacy
    of only pronouncing your name of shut eyes
    what is for what your girl's face
    do never be put out inside me.


    Translated into English by Marlene Nass.

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  4. Simplemente lindo!
    Lembranças traduzidas em versos, passeios pela emoção do poeta.

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  5. adoro te ler, sabes disso. Mais um belo poema. bjus

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  6. Que lindo , tão romântico , tão doce , puro e inocente...Tomara que isto tenha acontecido realmente contigo, poeta amigo. Q ue não seja apenas uma criação da sua mente inspirada....<3

    MAGAL ROCHA!!!

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  7. Perfeito...perfeito...Parabéns amigo poeta Naldo. Sempre nos emocionando com seus belos poemas.
    Abraços.

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  8. Amo os poetas.Lindissimo! ...que seu rosto de menina nunca se apague dentro de mim.
    Simplismente amei.

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  9. É tão real, que pude senti tua dor ao ler:
    "e que há pouco reencontrei
    sem aquele sorriso de menina,
    mulher de olhar endurecido,
    muitos sulcos, tantas cicatrizes..."

    Bravo Naldo!

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  10. Quanta beleza!
    Sublime Poeta, guardas para sempre a menina na tua alma, que tanto sabe da força dos versos e das saudades mantidas pelos meninos eternos!
    Fraterno abraço,
    Maria

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