sexta-feira, 29 de julho de 2011

LEMBRANÇAS DAS MINAS GERAIS

    NALDOVELHO

    Tempo das águas paradas,
    noroeste do quase nada.
    Velho casarão, beira de estrada,
    e no fundo do quintal um rio;
    peixe de couro, sem escamas
    e o velho Nicolau dizia: dourado!

    O cheiro de zinabre,
    alambique, aguardente,
    pequenino já gostava
    de veneno de serpente,
    e Manézinho Araújo,
    lá do fundo do engenho berrava:
    cuidado menino, isto vicia!

    Trilhos que sangram cidades,
    rede ferroviária, Maria Fumaça,
    Recreio, Leopoldina...
    E eu dizia: Vô Salvador!
    Quando eu crescer
    vou ser maquinista.
    E ele a sorrir dizia:
    cuidado menino, 
    dormentes de trilho,
    sangrar as Gerais...
    Isto vicia!

    Tempo das águas paradas,
    Lagoa dos Inclusos,
    noroeste do quase nada,
    caminhos sangrados, entranhas,
    lembranças das Minas Gerais.

9 comentários:

  1. Como sempre, comentar é só pra dizer: Lindo!
    Braços.

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  2. Conduzindo-nos a um leve e delicioso passeio pelas "Gerais"

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  3. MEMORIES OF MY GENERAL

    NALDOVELHO


    Forecast of water parades,
    Northwest almost nothing.
    Old mansion, roadside,
    and at the bottom of the yard a river;
    leather fish without scales
    and the old Nicholas said: Gold!


    The smell of zinabre,
    Brandy, alembic,
    Wee liked
    of snake venom,
    and Manézinho Araujo,
    there from the bottom of the machine screamed :
    careful boy, this is addictive!


    Rails, cities that bleed
    rail network, Maria Smoke
    Recreation, Leopoldina ...
    And I said: Vô Savior!
    When I grow up
    I'll be the driver.
    And he smile said:
    careful boy,
    sleepers, rail
    bleed the General ...
    This is addictive!


    Forecast of water parades,
    Pond of Included,
    Northwestern nearly nothing,
    bled paths, guts,
    memories of my Generals.

    Translation into English by Marlene Nass.

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  4. SOUVENIRS DE MON GÉNÉRAL

    NALDOVELHO


    Prévu des parades d'eau,
    Nord-ouest presque rien.
    Le vieux manoir, l'accotement de route,
    et au fond du yard un fleuve;
    poisson de cuir sans balance
    et vieux Nicholas a dit : Or!


    L'odeur de zinabre,
    Brandy, la cucurbite,
    Tout petit a aimé
    du venin de serpent,
    et Manézinho Araujo,
    là du fond de la machine a crié :
    le garçon prudent, c'est addictif!


    Les rails, les villes qui saignent
    réseau de rail, Maria Fumée
    Loisirs, Leopoldina...
    Et j'ai dit : Sauveur de Vô!
    Quand je grandis
    Je serai le chauffeur.
    Et il sourit a dit :
    garçon prudent,
    dormeurs, rail
    saignez le général...
    C'est addictif!


    Prévu des parades d'eau,
    L'étang d'Inclus,
    Du nord-ouest presque rien,
    les sentiers saignés, les tripes,
    souvenirs de mes généraux.

    La traduction dans Français par Marlene Nass.

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  5. Sabe tão bem falar as suas lembranças. Lindo...lindo.
    Abraços e linda noite amigo Naldo.

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  6. Da-le Mestre Naldo com quem aprendo mais somando a riqueza destas memorias de nossa Férrea-Via humana e poética!
    Eczúvia Magenta/Hannar Lorien.

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  7. Nossa mãe, este poema me emocionou demais, tem cheiro de Minas mesmo, impecável em tudo e um detalhe super importante para mim: minha mãe nasceu em Leopoldina. Olha, Naldo, antigamente dizia que "só a Shell excede", lembra?, pois agora a propaganda da Shell é "só o Bardo das Sombras excede". Até mais, amigo!!!!

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