Pedras postas nas margens da estrada
delimitam caminhos, definem trajetórias,
impedem mudanças de rumos, destinos,
empobrecem a história de cada um de nós.
Janelas fechadas por trincos, tramelas,
cerceiam a luz, aprisionam o ar
saturado aqui dentro,
sufocam a vida, desmaiadas as cores,
penumbras, sussurros, não posso respirar!
O limo das pedras, o mofo das coisas,
a ausência do vento, do verbo, do tempo,
as notícias de ontem, o café requentado,
a comida estragada, esquecida no forno,
um monte de roupas amontoadas num canto,
as rosas murcharam, o telefone não toca,
tuas cartas largadas em cima da mesa,
poemas rascunhados, solidão e tristeza,
a televisão ligada, já vi este filme,
no final o mocinho morre de amor.
A mocinha, coitada, viajou pra bem longe,
não sabe qual é o novo endereço,
não sabe do limo, da pedra e das rosas,
não sabe do filme, do enredo, das sombras,
virou pé de vento, rompeu as fronteiras,
fiz tantas besteiras, tranquei-me num quarto,
virei um poeta das coisas que eu choro,
café requentado, notícia de ontem,
coberto de limo, sou pedra, sou rosa,
ressecadas as pétalas, ainda restam os espinhos.
TRISTE POEMA,,MAS VERDADEIRO...
ResponderExcluirMaravilha!!!!
ResponderExcluirJazinha do Carmo
Muito doído, amigo, mas tão real... a dor do abandono nos faz abandonar a vida durante o luto necessário.
ResponderExcluirAlma essa aflita sem saída,sendo que o único recurso e se encontrar novamente...esse o verdadeiro abandono!"abandono de nos mesmo" lindo perfeito!!
ResponderExcluirAs tristeza transitam mais leves nas "Notícias de Ontem"!
ResponderExcluirBelo!
Poema forte para quem se deixa aprisionar, é difícil, mais sabemos que cada pedra no caminho encontrada, marcando um caminho que nos aprisiona, deve ser retirada. Temos que ter coragem que muitas vezes nos é roubada pelo tempo, e abrir os trincos das janelas deixando a luz entrar, esta luz que nos levara a felicidade almejada. Parabéns pelo poema é um alerta.
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