sexta-feira, 29 de julho de 2011

JUNTANDO PEDAÇOS

   NALDOVELHO

   Quando eu era pedra,
   largado no fundo de uma tapera,
   costumava viver desavergonhado,
   sem assunto ou coisa
   que me trouxesse interesse
   e gostava da inutilidade de um tempo
   que nada sentia ou queria
   a não ser viver da solidão.

   Quando eu era fogo
   costumava subverter cordilheiras
   transformar a face das coisas
   e gostava de fazê-las amalgamadas,
   filetes de pedra, poeira,
   fogueira acesa no fundo de um penhasco,
   a revelar que a noite era tão bela
   e mais bela ainda era a renovação.

   Quando eu era vento
   costumava varrer planícies,
   provocar inquietude nas árvores
   e adorava assuntar todas as coisas,
   só pelo prazer de transformar pedra
   em poeira de estrela, sementes,
   e por todos os cantos e lados,
   passageiro da imensidão.

   Quando eu era água
   gostava de ser corredeira de um rio,
   de esculpir presença nas pedras,
   de fecundar sementes de sonho,
   de dissipar a sede daqueles
   que viviam de colher existências
   e com elas renascer a cada dia
   no eterno ciclo da criação.

   Hoje que sou homem
   fico aqui tentando compreender
   aquilo que penso que sei,
   juntando pedaços num livro
   na esperança que assim reunidos
   possam revelar o que eu ainda não sei.
   Quem sabe, sabedor destas coisas,
   você possa então me dar atenção?

8 comentários:

  1. Joignant Les Pièces.

    NALDOVELHO


    Lorsque j'étais une pierre,
    a chuté au fond d'un tapera,
    utilisée sans vergogne à vivre,
    aucun objet ou une chose
    qui me fait l'intérêt
    et jouissent de l'inutilité d'une époque
    que rien senti ou qu'il voulait
    sauf si vivant de la solitude.


    Quand j'étais un incendie
    utilisé pour subvertir les crêtes
    transformer le visage des choses
    et il y a bénéficié de leur fusion, faisant
    filets de roche, poussière,
    feu de joie allumé au fond d'une falaise,
    à révéler que la nuit si belle
    et le plus beau était encore la rénovation.


    Quand j'étais vent
    utilisée pour balayer les plaines,
    provoquer anxiété dans les arbres
    et aimé assuntar toutes choses,
    juste pour le plaisir de tourner Pierre
    dans la poussière de star, graines,
    et par tous les côtés et coins
    passager de l'immensité.


    Quand j'étais l'eau
    aimé être River Falls,
    tailler la présence dans les pierres,
    fertiliser les graines de rêve,
    dissiper la soif de ceux
    vie récolter des stocks
    et avec eux de renaître chaque jour.
    dans le cycle éternel de la création.


    Aujourd'hui, je suis un homme
    Je suis ici en train d'essayer de comprendre
    Ce que je sais,
    rejoindre les morceaux dans un livre
    dans l'espoir que cette réunion.
    peut révéler ce que je ne sais toujours pas.
    Qui sait, sait de ces choses,
    Vous pouvez ensuite me donner l'attention ?

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  2. Joining Pieces.


    NALDOVELHO

    When I was a stone,
    released in the bottom of a ruined house,
    he used to live shameless,
    without subject or thing
    what was bringing me interest
    and it was liking the inutility of a time
    what nothing was feeling or wanted
    not being to live on the solitude.


    When I was a fire
    it used to subvert chains of mountains
    to transform the face of the things
    and it was liking making them amalgamated,
    fillets from stone, dust,
    bonfire lighted in the bottom of a cliff,
    showing that the night was so beautiful
    and more beautiful was still the renovation.


    When I was I am windy
    it used to sweep plains,
    to provoke anxiety in the trees
    and it was adoring to pay attention to all the things,
    only for the pleasure of transforming stone
    in dust of star, seeds,
    and for all the corners and sides,
    passenger of the vastness.


    When I was a water
    it was liking being current of a river,
    of sculpting presence in the stones,
    of fertilizing seeds of dream,
    of dispersing the thirst of that
    what they were surviving of gathering existences
    and in spite of the fact that they are reborn to each day
    in the eternal cycle of the creation.


    Today that I am a man
    I am trying to understand here
    what I think that I know,
    joining pieces in a book
    in the hope when what was been so joined
    be able to show what I still do not know.
    Who knows, sage of these things,
    could you give me then attention?

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  3. Um dos seus mais belos poemas, amigo! Tão humano! Tão vivo!

    Muitos abraços

    Jorge

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  4. Meu amigo e poeta, amei teu poema!! Parabéns!! Bjus SOL

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  5. Querido Amigo Ronaldo,
    Dizer que amei é pouco...fiquei encantada .
    Já disse e repito : vc respira poesia.
    bjusssssssssss

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  6. COM CERTEZA VOCÊ CONSEGUE , JUNTAR OS PEDAÇOS MEU AMIGO POETA . EU JÁ JUNTEI OS MEUS....LINDÍSSIMA POESIA....<3

    MAGAL ROCHA....

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  7. "Quando eu era água
    gostava de ser corredeira de um rio,
    de esculpir presença nas pedras,
    de fecundar sementes de sonho,
    de dissipar a sede daqueles
    que viviam de colher existências
    e com elas renascer a cada dia
    no eterno ciclo da criação"

    Muito bonito. Me encontrei nesses versos

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