segunda-feira, 25 de julho de 2011

OUTUBRO

   NALDOVELHO

   Há um quê de reboliço
   em dias que amanhecem outubro,
   de desapego e preguiça,
   de passarinhada inquieta
   e de vento frio que avisa:
   muita umidade no ar.

   Há um quê de eloqüência
   neste sol que se esforça lá fora,
   contaminado de sonhos
   e que vive de irritar o poeta
   que aconchegado em preguiças
   não quer trabalhar.

   Há um quê de insensatez
   quando em meu quarto os fantasmas
   despertam em mim a saudade,
   lembranças, humores, essências;
   e a primavera sem fazer alarde,
   bate na porta, querendo entrar!

   Há um quê de poema
   nas palavras espalhadas pelo quarto,
   nas fotos que volta e meia eu revejo,
   nas teclas miscigenadas de um piano,
   nas melodias que desfazem enganos,
   e no beija flor que aqui veio se refugiar.

   Há um quê de esperança
   em todas as coisas que eu colho,
   apesar da acidez destes tempos,
   pois por trás mora sempre um alento
   e apesar do cansaço que eu sinto,
   há sempre um poema precisando brotar

   OCTOBER
   NALDOVELHO

   There is what of clamour
   in days that dawn in October,
   of indifference and laziness,
   of birded it worries
   and of cold wind that it warns:
   great moisture on air.

   There is what of eloquence
   in this sun that makes an effort outside,
   contaminated of dreams
   and what he survives of irritating the poet
   that wrapped up in you laze around
   it does not want to work.

   There is what of folly
   when in my room the ghosts
   they wake in me the longing,
   memories, moods, essences;
   and the spring without boasting,
   hit the door, wanting to enter!

   There is what of poem
   in the words spread by the room,
   in the photos which turn and a half do I revise,
   in the keys of mixed race of a piano,
   in the melodies that undo mistakes,
   and in it kisses flower that here came to take refuge.

   There is what of hope
   in all the things that I gather,
   in spite of the acidity of these times,
   since for behind a courage always lives;
   and in spite of the tiredness that I feel
   there is always a poem needing to flow.
  
   Translation for English by Marlene Nass

   OCTOBRE
   NALDOVELHO

   Il y a quel d'a remué
   les jours qu'cette aube octobre,
   de détachement et de paresse,
   de nombreux oiseauux agité
   vent et le froid qui met en garde :
   trop d'humidité dans l'air.

   Il n'y a que de l'éloquence
   Ce soleil qui se démène là-bas
   contaminés par des rêves
   et qui vit à irriter le poète
   que niché dans les paresseux
   n'a pas fonctionné non plus.

   Il y a une folie
   Quand dans ma chambre les fantômes
   réveille en moi le désir,
   souvenirs, les humeurs, les essences ;
   et le printemps sans folles dépenses,
   frappe à la porte, vouloir entrer !

   Il y a un poème.
   dans les mots disséminés dans la salle,
   sur les photos que lap et demi je trouve,
   les clés d'un piano, mixte
   dans les mélodies évaporer impostures,
   et dans la flor de beija, qui sont venus se réfugier.

   Il y a un espoir.
   dans toutes les choses que je cueillir,
   En dépit de l'acidité de ces temps,
   parce que derrière mora toujours un souffle ;
   et malgré la fatigue que je ressens
   Il y a toujours un poème déclarant

   Traduit en Français par Marlene Nass

brotar.

12 comentários:

  1. Que bom haver sempre um quê de esperança em todas as coisas que colhe, apesar da acidez dos tempos.
    E que bom ter-mos um NALDOVELHO para nos lembrar isso.

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  2. Mais lindo que tudo é esse quê de muita poesia abraçando seus versos maravilhosos. Parabéns sempre meu amigo!

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  3. e há sempre vida nas flores que colhes
    e nos poemas que escreves
    e nos natais que vives!

    muito obrigado, amigo!!

    muitos abraços
    jorge

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  4. Salve o quê, aquele quê!

    Querido poeta,você tem um quê encantador e fascinante quando escreve.
    Parabéns!!

    Abraços,
    Rosemary Quintas

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  6. Olá meu amigo,

    Lindo poema e belíssima tradução!!!
    Amei!!!
    Parabéns e obrigada por estar em nossas vidas trazendo estes momentos de profunda sensibilidade e beleza!!!

    Abraços!!

    Deise Puga

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  7. Há um quê de surpresa a cada poema com que você nos presenteia!
    Parabéns, Poeta!

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  8. Há um quê de sensibilidade que obriga o poeta a bordar versos, no bastidor da mais plena emoção. Abreijos, guida

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  9. Outubro de inquietações ... um belo percurso!
    Parabéns!

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  10. Há sempre um quê de palavras em brotos predestinadas a eclodirem os velhos/novos poemas de NALDOVELHO!

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