domingo, 24 de julho de 2011

ALUMBRAMENTOS

   NALDOVELHO

   Por conta de alumbramentos,
   resolvi cultivar distâncias,
   e plantei-as em lugar propício
   ao lado de um pé de jasmim.
   
   Dizem que dá uma flor solitária,
   e que é bom ter muito cuidado,
   seu perfume leva ao delírio
   e faz ver coisas estranhas
   brotadas de dentro de mim.

   Plantei também mudas de desengano,
   propícias ao mês de outubro,
   suas folhas são excelente remédio
   na cura da inquietude e do tédio,
   e as flores nascem em pencas,
   melhor então que seja assim!

   Só não consegui cultivar ainda
   o silêncio de versos que chorem...
   Estes, melhor deixar mais pro fim!

11 comentários:

  1. Boa tarde Poeta. Parabéns lindo versejar, abraço poeta.
    Maria Mendes

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  2. "Vi tanta areia...andei
    na lua cheia, eu sei
    uma saudade imensa,
    vagando em verso eu vim
    vestida de cetim
    na mão direita
    rosa..vou levar [...]'
    ...para lhe dar meu amigo sagrado. Vida longa e em profusão! Cláudia abreu

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  3. .

    Mais uma obra prima, Naldo! Me encanta o seu fraseado poético. Como poeta e jardineiro, esse belo poema cria um ponto de referência que aprofunda a minha admiração aos seus versos.

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  4. Quanto intimismo e leveza no poema.. até o tom solitário esvai-se, espécie de perfume, aroma sutil, musical."Propícias ao mês de outubro" é um verso que se destaca com a mesma densidade de "Por conta de alumbramentos"; faço escolhas em seu poema, caro amigo, porque me sinto confortávelmente cúmplice e credenciado a colher flores em seu jardim, ok? Belo poema!

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  5. O silencio dos versos que choram...muito lindo!Poesia maravilhosa!bjs e boa semana!

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  6. Linda poesia neste blogue. Adorei. Tenho um blogue onde insiro
    muita peosia, se me ceder uma poesia sua, colocarei com os devidos
    créditos com muito gosto.
    Basta deixar um comentário.
    Bj.
    Irene Alves

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  7. “Plantei (também) mudas de desengano, propícias ao mês de outono, suas folhas são excelente remédio [...] O bom é que as flores nascem em pencas [...]” Em inúmeros momentos percebemos que erguemos ilusões e no outono desabamos repletos de experiências e aprendizagens. É imperativo saber que o repertório outonal de nossas vidas é remédio que cura ferida – “melhor então que seja assim!” Verdade, amigo Naldo. Os versos sobrevivem à alma. Seu modo de dizer, os percursos de suas palavras reconstroem imagens poéticas que buscam uma relação intensa com o mundo e a vida. Seu verbo recebe uma espécie de efeito mágico e de modo singular nos reintegra cultivando “o silencio de versos que chorem...” Nós choramos plenos de vida e com a pele enrugada.

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  8. Belo...
    "Só não consegui cultivar ainda
    o silêncio de versos que chorem...
    Estes, melhor deixar mais pro fim!"
    Muito belo...apenas isso!
    Abraços meu querido amigo Naldo.

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  9. Um toque de nostalgia embeleza ainda mais esta encantadora poesia.
    Amei o final!
    Parabéns e obrigada por compartilhar!
    Abraços.
    Márcia Ramos

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  10. Maravilha meu amigo...nem silenciem seus versos, estejam ele sorrindo ou chorando....abreijos poéticos

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  11. Belíssimo poema!! a ultima estrofe muito me agradou.
    parabéns por mais um lindo e emocionante poema. Forte abraço.

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