segunda-feira, 25 de julho de 2011

HÁ QUEM DIGA

   NALDOVELHO

   Há quem diga que no asfalto não se cultivam flores
   e que nas ruas, o tempo que passa, passa depressa,
   e que não fica nem a saudade de quem por lá caminhou,
   e um dia foi pra bem longe, e nunca mais voltou.

   Há quem diga que nas esquinas só se cultivam dores,
   e que por lá o vento nos revela uma montão de segredos,
   e a cada passo dado cai uma barreira, rompe-se uma fronteira...
   Quantos laços desfeitos para chegarmos a algum lugar?

   Há quem diga que depois daquela ponte existe uma estalagem
   onde todas as mulheres são santas e os pecados perdoados,
   e a cada copo de aguardente, acendo também um cigarro...
   Por quantas estalagens ainda terei de passar?

   Há quem diga que gosta de caminhar em silêncio,
   e ainda que nos pareça absurdo, de cultivar canteiros de sonhos,
   e de viver nos escombros a cata de coisas esquecidas por seus donos.
   Há quem diga um monte de coisas!

   Eu que vivo por aqui sozinho, já nem sei no que acreditar.

8 comentários:

  1. O seu modo de escrever poesia faz lembrar a correnteza da água do rio. Dum rio que não está poluído e que serenamente vai depositando salpicos por entre as margens...

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  2. .

    Naldo: seus poemas trazem forma e conteúdo que dizem diretamente à nossa sensibilidade. É impossível dar apenas uma corrida de olhos sobres as suas criações. A gente tem que degustar cada verso sem a menor pressa e sentir o sigficado explícito e o oculto de cada palavra. Um dia, Paulo Leminski, então meu professor, no prefácio do meu primeiro livro, disse-me que eu, iniciante, estava na terceira margem do rio. Não entendi bem o que ele quiz dizer. Mas, pela qualidade dos seus poemas, você já chegou em todas as margens possíveis e imagináveis dos meandros das nossas sensibilidades. (Anjes)

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  3. A quem diga que aqui vou deixar meu primeiro comentário,tenho lido muitas maravilhas que escreves caro poeta todas me encantam,gosto muito de caminhar no silencio para refletir sobre a vida,quem sabe sobre seus poemas,abraços com carinho.

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  4. Saber que precisa acreditar em algo é um ótimo começo... Acreditando ou não, é assim que vivem os Poetas, verdadeiros "catadores"... Às vezes até mesmo sem pedir licença, catam sentimentos, olhares, gestos despercebidos, cheiros, sons, sussurros... Alinhavam tudo com palavras e nos brindam com belos Poemas como este seu... Abraços!

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  5. THERE IS THE ONE WHO SAYS

    NALDOVELHO


    There is the one who says that in the asphalt flowers are not cultivated
    and in the streets, the time that passes, goes by fast
    and it is not not even whose longing that way walked,
    and one day was for well far and never again it returned.


    There is the one who says that in the corners only pains are cultivated,
    and that that way the wind reveals us one heap of secrets,
    and constantly given a barrier falls, a frontier is broken...
    All the knots undone in order that we reached some place?


    There is the one who says that after that bridge there is an inn
    where all the women are holy and the forgiven sins,
    and to each glass of spirit, I light also a cigarette...
    To all the inns will I still come?


    There is the one who says that it likes walking in silence,
    and though it seems to us absurd, of cultivating flowerbeds of dreams,
    and of living in the debris the search of things forgotten by his owners.
    Be the one who says a hill of things!


    I what I live this way alone, already do not even know in what to believe.


    Translated into English by Marlene Nass.

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  6. IL EST CELUI QUI DIT


    NALDOVELHO



    Il est celui qui dit que dans l'asphalte les fleurs ne sont pas cultivées
    et dans les rues, le temps qui passe, passe par fast
    et il n'est ne pas même pas dont nostalgie que le chemin parcouru,
    un jour était bien loin, et jamais il revient.



    Il est celui qui dit que, dans les coins, seulement les douleurs sont cultivés,
    et que de cette façon, le vent nous révèle un tas de secrets,
    et constamment donné un barrière tombe, une frontière est brisée...
    Tous les nœuds réduits à néant, afin que nous sommes parvenus à un endroit ?



    Il est celui qui dit qu'après ce pont il y a une auberge
    où toutes les femmes sont sacrées et les péchés pardonnés,
    et à chaque verre d'esprit, je la lumière aussi une cigarette...
    De toutes les auberges sera encore entrer ?



    Il est celui qui dit qu'il aime marcher en silence,
    et bien qu'il nous semble absurde, de cultiver des plates-bandes de rêves,
    et de vivre dans les débris à la recherche de choses oubliées par ses propriétaires.
    Être celui qui dit une colline des choses !



    J'ai ce que je vis cette façon seul, déjà ne savent même pas à ce qu'il faut croire.


    Traduit de Français pour Marlene Nass.

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  7. Muito generosa a sua poesia Naldo, tenha um bom dia!

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  8. Há quem diga...que suas poesias são de estrema beleza.

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