quarta-feira, 27 de julho de 2011

A CADA TEMPO UM POUCO MAIS

   NALDOVELHO

   A contundência da palavra outubro,
   a sutileza da palavra pétala,
   o cuidado ao lidar com espinhos,
   o prazer de saborear frutas tenras,
   a necessidade de ser pego pela paixão,
   a inevitável dor de quem parte,
   a saudade a maltratar meu coração.

   A exuberância da palavra dezembro,
   o cheiro da palavra tentação,
   a instabilidade desses dias tão quentes,
   a possibilidade de caminhos diferentes,
   a constatação de não resistir ao pecado,
   a quantidade de veneno nas veias,
   a dificuldade de escapar dessas teias,
   a vontade de viver um pouco mais.
  
   A palidez da palavra outono,
   a inquietude da palavra espera,
   a aspereza de quem adormece pedra,
   a incerteza de quem vive no caminho,
   o emaranhado que existe na trama,
   a procura pela palavra abrigo,
   a felicidade de encontrar um amigo,
   o alívio de estar seguro num cais.

   O som da palavra inverno,
   a fluidez da palavra essência,
   a luz que existe em cada amanhecer,
   a maciez que habita cada entardecer,
   a sabedoria necessária para se anoitecer,
   a ansiedade que inunda a madrugada.,
   a coragem de quem atravessou tempestades,
   a certeza de quem sobreviveu.

   O milagre da palavra existência,
   a importância da palavra sagrado,
   a delicadeza da semente do trigo,
   o segredo do ciclo das águas,
   a verdade em cada trecho da jornada,
   a imponderabilidade da palavra tempo,
   o aprendizado em cada detalhe que eu vivo,
   a eternidade dos caminhos que eu sigo.

9 comentários:

  1. NALDOVELHO


    The incisiveness of the word October,
    the subtlety of the word petal,
    caution when dealing with thorns,
    the pleasure to taste fruit relish,
    the need to be picked up by passion,
    the inevitable pain of whom part,
    the longing to mistreat my heart.


    The exuberance of the word December,
    the smell of the word temptation,
    the instability of these days so hot,
    the possibility of different paths,
    the finding does not resist sin,
    the amount of poison in the veins,
    the difficulty of escaping these webs,
    the will to live a little longer.

    The pallor of autumn,
    the anxiety of waiting Word,
    the roughness of who falls asleep stone,
    the uncertainty of who lives in the path,
    the tangle that exists in the plot,
    the demand by the word shelter,
    the happiness of finding a friend,
    the relief to be safe on a pier.


    The sound of the word winter,
    the fluidity of the word essence,
    the light that exists in each dawn,
    the softness that inhabits each dusk,
    the wisdom necessary to dusk,
    the anxiety that floods the dawn,
    the courage of those who went through storms,
    sure who survived.


    The miracle of existence,
    the importance of the sacred Word,
    the delicacy of wheat seed
    the secret of the water cycle,
    the truth in each portion of the journey,
    the weightlessness of the word time,
    learning in every detail that I live,
    eternity of paths that I follow.

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  2. Naldo Velho, que delícia de poema lindo!
    Parabéns, Poeta Querido!
    Um abraço carinhoso
    Erika Namastê

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  3. que coisa mais linda. A delicadeza das definiçòes. Obrigada poeta

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  4. A cada tempo um pouco mais...de você, impregnando as palavras de vida, profundidade, emoção, verdade e sutileza, em versos eternos. Abreijos, guida

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  5. São belos os caminhos do Bardo!
    Parabéns!!
    Abraços

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  6. A sutileza de todas as coisas, tomadas nuas, cruas e selvagens... muito bom, querido Naldo... Beijos de VC

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  7. Querido poeta, que lindo! Um imenso prazer ler esse lindo poema. Retratou com a beleza das palavras e de seus sentimentos o seu cotidiano. Bravo! Só quem possue esse dom para retratar a vida com tamanha beleza.

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  8. Fantástico !
    Ler seus poemas é uma satisfação .
    Obrigada por Vc existir.
    bjs
    Myrinha Vasconcellos

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  9. Meu grande amigo, meu poeta! O que dizer desse poema, senão que é de uma grandiosidade iluminada! Lirismo, tensão, profundidade, metáforas fantásticas, emoção, beleza - POESIA!!! Ao mesmo tempo, cru, cruel, doce, humano, que é sua marca registrada. Obrigado, amigo, por proporcionar tanta luz e beleza aos meus sentidos. Parabéns. Abração meu. Tanussi

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