domingo, 24 de julho de 2011

DO LADO DE LÁ

   NALDOVELHO

   Do lado de lá existe um rio
   de águas claras, serenas.
   Na margem esquerda um moinho,
   muito sonho, muito milho, muito trigo.

   Na margem direita um povoado,
   gente calejada na lida e no sol,
   que alonga olhos de perceber horizonte,
   que estende braços de alcançar o distante,
   e conhece o sentido das fases de um rio,
   e o mistério das águas, seus ciclos, destinos.

   Do lado de lá existe um templo
   que de portas abertas acolhe crianças,
   que no altar brincam de tecer esperanças,
   que arteiras misturam enredos, caminhos,
   para que com o tempo, desembaraçados os fios,
   poderem, sorridentes, misturar tudo outra vez.

   Do lado de cá mora um poeta,
   águas revoltas, estranhas, inquietas.
   Do lado esquerdo um coração já cansado,
   sonhos truncados, versos coagulados.

   Do lado direito cicatrizes, tatuagem,
   um olho que enxerga além da neblina,
   e a mão que semeia poemas que falam
   de perceber horizontes, alcançar o distante...

   Um dia ainda viro água e vou chover do outro lado,
   renasço como trigo e alimento as crianças,
   vou ser fio trançado no tecido esperança...
   Não consigo imaginar razão melhor para viver.

7 comentários:

  1. "Do lado de cá mora um poeta"
    E é desse poeta a mão que semeia poemas que falam, o mesmo poeta que diz não conseguir imaginar razão melhor para viver.
    Não procure poeta.Não vai encontrar.
    Um abraço.

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  2. Do lado de cá mora um poeta amigo que espero se demore ir para o lado de lá porque brinca com a magia das palavras nos emocionando sempre em seus escritos... ainda é cedo pra virar água, virar milho e as crianças você já alimenta com as palavras que dizes em teus versos. Beijinhos!

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  3. Realmente, uma mensagem para vida, que é bela e deve ser vivida da forma mais salutar cabível. Uma poesia que eleva o interior do ser que vive para sentir a beleza rara dos dias que passam...

    Sempre agradecido pelo conforto transmitido pelo Dom que emana de Você!
    Valeu!

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  4. On The Other Side Of.

    NALDOVELHO


    On the side of there exists a river
    serene, clear water.
    In the left margin a windmill,
    very very very dream, corn, wheat.


    On the right bank a settlement,
    calloused people in Lydda and in the Sun,
    that lengthens eyes to perceive the horizon,
    extending arms reaching the distant,
    and knows the meaning of the phases of a river,
    and the mystery of the waters, their cycles, destinations.


    From there there is a temple
    that doors open welcomes children,
    that on the altar play make hopes,
    that mischievous mix plots, paths,
    to that with time, clear the wires,
    they can, smiling, mix everything again.


    Here lives a side of, poet
    strange, revolts, restless waters.
    The left side a heart already tired,
    dreams truncated, verses coagulated.


    Right side, Tatoo, scars
    an eye that sees beyond the mist,
    and the hand that sows poems that speak
    realizing horizons reach far. ..


    One day I will still turn water and rain on the other side,
    reborn like wheat and feed the children,
    I'll be braided wire fabric hope ...
    I can't imagine a better reason to live.


    ( Translation for English by Marlene Nass.)

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  5. De L'Autre Côté Du.


    NALDOVELHO


    Du côté de là existe une rivière
    serein, claire de l'eau.
    Dans la marge de gauche un moulin à vent,
    très très très rêve, de maïs, de blé.


    Sur la rive droite, un règlement,
    gens insensible à Lydda et au soleil,
    qui allonge les yeux à percevoir l'horizon,
    étendant bras atteignant le lointain,
    et le sens des phases d'une rivière, le sait
    et le mystère des eaux, leurs cycles, les destinations.


    De là, il y a un temple
    Cette ouverture de portes accueille les enfants,
    que la pièce de l'autel faire des espoirs,
    qu'arteiras à mélanger les parcelles, chemins,
    cela avec le temps, désactivez les fils,
    ils peuvent, souriant, mélanger tout nouveau.


    Vit ici un côté du poète
    étranges, révoltes, eaux agitées.
    Un coeur déjà fatigué, du côté gauche
    rêves tronqués, versets coagulés.


    Côté droit, Tatoo, cicatrices
    un œil qui voit au-delà de la brume,
    et la main qui sème les poèmes qui parlent
    REALISATION d'horizons atteint loin...


    Un jour je serai toujours tourner à l'eau et de l'autre côté, la pluie
    renaissance comme le blé et nourrir les enfants,
    Je vais être tressée espoir de tissu de fil...
    Je ne peux imaginer une meilleure raison de vivre.


    (Traduit en français par Marlene Nass).

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  6. Na margem direita ou esquerda, o poeta-se revela-se pura poesia.
    Linda e cativante poesia.
    Parabéns, Naldo!

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  7. Muito bom, poeta! Vida longa amigo Naldo Velho, para que nos presentei sempre com belos textos, cheia de encantos de sua alma poética. Abraços.

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