NALDOVELHO
Vivo de destruir memórias,
sonhos nostálgicos, lembranças, histórias;
tudo muito bem demolido,
até que fragmentos possam
ceder os significados
que os versos pretendem.
Papel em branco sobre a mesa,
o poema se alimenta de escombros.
Vivo de desconstruir muralhas,
de me perder em caminhos, atalhos,
de submergir em águas revoltas,
e ser levado por corredeiras
até desaguar em algum canto,
meio náufrago, meio lama,
meio poeta, meio entulho,
renascer de mim outra vez.
Gosto de me aprisionar em teias,
lutar, sobreviver à aranha,
e ainda que entorpecido pela peçonha,
romper amarras, atravessar fronteiras,
beber o antídoto das mãos de uma Iara,
e sob a luz da lua cheira
ver dissolvidas as dores
cristalizadas em mim.
Gosto de ser farpa espetada que arde,
erva curtida em veneno de serpente,
chuva que molha a vidraça por dentro,
vento que move o moinho ao contrário,
guardião da palavra, fiel depositário,
cantiga, toada, lamento, procura,
coisa maldita, inquietude, loucura,
candeeiro aceso no meio da imensidão.
THE POEM FEEDS ON DEBRIS
THE POEM FEEDS ON DEBRIS
NALDOVELHO
Live to destroy memories,
nostalgic dreams, memories, stories;
everything very well demolished,
until fragments can
cede the meanings
that the verses are.
White paper on the table,
the poem feeds on debris.
Live deconstruct walls,
I lose on paths, shortcuts,
of submerging in water revolts,
and be carried away by Rapids
until it empties into some corner,
Middle Castaway, means mud,
means poet, using rubble,
rebirth of me again.
Like me imprison in webs,
fight, survive the spider,
and even though numbed by Venom,
break the shackles, crossing borders,
drink the antidote of the hands of an Iara,
and under the light of the Moon smells
see dissolved the pains
crystallized in me.
Like being Barb kebab that burns,
grass snake venom, tanned in
rain that moistens the glazing inside,
wind which moves the mill unlike,
guardian of the word, trustee,
ballad, melody, regret, demand,
the accursed thing, restlessness, madness,
lamp lit in the middle of the immensity.
Translation for English by Marlene Nass
LE
POÈME SE NOURRIT DE DÉBRIS
NALDOVELHO
Vivre
à détruire les souvenirs,
rêves
nostalgiques, des souvenirs, des histoires ;
tout
ce qui est très bien démoli,
jusqu'à
ce que les fragments peuvent
céder
les significations
que
les versets sont.
Livre
blanc sur la table,
le
poème se nourrit de débris.
Vivre
déconstruire les murs,
Je
perds sur des chemins, raccourcis,
de
submersion dans l'eau révoltes,
et
être emporté par Rapids
jusqu'à
ce qu'elle se jette dans un coin,
Middle
Castaway, signifie la boue,
poète
de moyens, à l'aide de gravats,
Renaissance
de moi à nouveau.
Comme
moi emprisonner dans les réseaux,
fight,
survivre l'araignée,
et
même si engourdi par le venin,
briser
les entraves, franchissement des frontières,
boire
l'antidote d'entre les mains d'un Iara
et
sous la lumière de la Lune d'odeurs
voir
dissout les douleurs
cristallisé
en moi.
Comme
étant kebab Barb que burns,
venin
de serpent de l'herbe, tannées dans
pluie
qui saupoudre le vitrage à l'intérieur,
vent
qui déplace l'usine contrairement,
tuteur
du mot, syndic,
Tonalité,
chansonnette, à regret, demande,
la
chose maudit, l'agitation, la folie,
lampe
allumée dans le milieu de l'immensité.
Traduit
en Français par Marlene Nass
São os gostos de um bardo, finamente declarados, em forma de poesia.
ResponderExcluirBelo!
Naldo, MARAVILHOSO. Um olhar cirúrgico sobre os "destroços de cada dia". Você compõe com a classe de um regente, maestro das letras. Esteja certo: meu poeta.
ResponderExcluirSe todos os escombros se transformasse em ricos poemas, a beleza não choraria de tristeza diante da insensatez e da miséria humana. Abreijos, guida
ResponderExcluirConfissões de um Poeta onde transbordam as emoções.
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