NALDOVELHO
Melhor tirar os esqueletos do armário.
Hora de enterrar nossos mortos,
ninguém mais agüenta ouvi-los gemendo,
às vezes na sala, quase sempre no quarto.
Melhor dizer para aquele anjo esquisito
que vive de reinventar o pecado:
que somos filhos de um tempo
onde a inquietude é a razão de nossas loucuras.
Melhor desfazer a trama,
libertar a atriz, o músico, o poeta,
rasgar o texto e dar um basta aos melodramas,
pois o que vale, quase sempre, nos vem de supetão.
Melhor desvendar os mistérios,
revelar o curso das lágrimas
e permitir que a vida se transforme
num grandioso e verdadeiro poema.
Melhor assumir que mentimos,
que vivemos de construir personagens,
que erramos ao esconder das pessoas
a verdadeira essência do nosso ser.
Melhor parar de contar com Deus,
de tentar suborná-Lo a cada passo,
com promessas, penitências, novenas;
melhor que façamos a nossa parte.
Melhor escancarar portas e janelas,
exorcizar o demônio em nós,
deixar que olhem em nossos olhos,
ainda que isto nos doa demais.
Melhor comer poeira de estrada,
mergulhar num oceano de possibilidades,
e ainda que naufraguemos e soçobrem cacos,
há como remendar-nos outra vez.
Melhor acreditar na eternidade
e que somos infinitas pessoas,
ainda que sejamos pequenos em detalhe;
nenhum de nós tem nada que seja só seu.
Seria bom poemar a vida!
ResponderExcluirVarrer de impurezas o seu sorriso-sol; filtrar a água das suas lágrimas-mar e dar-lhe outra vez a cor verde natureza com fios de castanho terra pintados.
Os detalhes ficam com o poeta...
NALDOVELHO
ResponderExcluirBetter take the skeletons from the closet.
Time to bury our dead,
Nobody else bears hear them moaning,
sometimes in the room, almost always in the room.
Better to say to that weird Angel
who lives to reinvent the Sin:
We are children of a time
where anxiety is the reason our follies.
Better undo the plot,
release the actress, musician, poet,
RIP the text and give a just to melodramas,
because it almost always comes from improvisation.
Best to unravel the mysteries,
reveal the course of tears
and allow that life becomes
in a grandiose and true poem.
Best to assume that we lie,
We live to build characters,
that's fair to hide people
the true essence of our being.
Best stop relying on God,
attempting to bribe him at every step,
with promises, penances, novenas;
best to do our part.
Better throw open the doors and Windows,
exorcise the demon within us,
Let look in our eyes,
Although this in to hurt too.
Better eat dust of the road,
Immerse yourself in an ocean of possibilities,
and even though shards, to be wrecked and only be left
There are as mending us again.
Better believe in eternity,
and that we are endless people,
and even though we are small, in detail,
None of us has anything that is only yours.
E que eles descansem na paz eterna. Bom fim de noite pra vc...abreijos, guida
ResponderExcluirNa verdade esse poema descreveu claramente um momento que muitas pessoas mais sensíveis estão vivendo...Isso de se desligar do outro lado,de viver a mercê de crenças e credos,esquecendo a vida aqui e agora...Estamos sentindo necessidade de vida e a vida agora,um sendo o outro,vivendo o outro,sentindo o outro,sem dogmas,sem estigmas,sem maldições ou bençãos!Estamos evoluindo...Eu sempre soube que a poesia salvará o mundo!Parabéns Naldo!Descreveu o que eu queria escrever e não soube com maestria e sensibilidade!
ResponderExcluirCaríssimo amigo Naldo Velho,
ResponderExcluirSeus poemas são encantadores ...sou tua fã de carteirinha número 0001, sentada na primeira fila.
Deus o abençoe sempre.
bjus
Myrinha Vasconcellos