NALDOVELHO
Gosto de tangos, boleros, valsas, toadas,
broa de milho, angu de corte, filmes antigos,
de água de cheiro no corpo,
de incensar todos os dias meu quarto,
de arroz com feijão, macarrão e carne moída,
de sapatos que me tragam conforto,
e de cuecas e camisas bem largas,
de bermudas que sejam cumpridas.
Gosto de passear pelos jardins,
de sentir o cheiro das plantas,
de apreciar o cochicho dos pássaros,
de uma boa prosa ao entardecer,
do seu sorriso quando beijo o seu pescoço,
de ficar agarradinho, pernas embaralhadas,
cada vez que respiro fico mais viciado em você.
Gosto de avencas e samambaias choronas,
também gosto de renda portuguesa,
tenho uma queda por gerânios,
azaléias, lírios, orquídeas e jasmins,
só tenho medo das rosas, apesar de belas,
trazem espinhos, costumam sangrar.
Gosto de caminhar pela orla,
do vento acariciando a tarde,
e da terra molhada o seu cheiro.
Gosto de lua cheia e exibida,
e das nostalgias desta vida;
das noites frias de inverno
e madrugadas passadas ao seu lado;
chega mais perto e me abraça,
só não rouba o meu travesseiro!
Depois dormir até tarde,
café forte e encorpado,
tudo isto vale mais que um poema,
vale a pena viver com você.
Gosto de ler poesia:
Bandeira, Drumonnd,
Manoel de Barros e Cecília;
gosto de música que arde,
Tom Jobim, Milton, Egberto,
e ontem descobri que nasci no tempo certo,
tempo em que pude viver muita coisa
que apesar de estarem fora de moda,
não consigo deixar de querer.
Já ia esquecendo:
na cabeceira da minha cama não existem relógios,
e um abajur é testemunha do que acabo de dizer.
DÉMODÉ = Palavra francesa, traduzida como fora de moda.
Será "Demodé?
ResponderExcluirQuestão de bom gosto, simplemente, meu amigo!
Bjs
Nao existe nada mais delicioso que ler algo assim e as palavras tomarem forma na nossa mente e imaginamos tudo detalhadamente é como estar presente compartilhando das mesmas coisas.
ResponderExcluirAngela Camargo
Continue Démodé, meu amigo. É tão saudável, tão maravilhoso, tão, tão, tão,
ResponderExcluirSe calhar, é por isso que o Roberto Carlos teve tanto sucesso com a canção "Amante à moda antiga"...
Um belo poema.
ResponderExcluirPodemos traduzir "démodé" por bom gosto!
Parabéns, Naldo!
Coisa de amor feinho! Ah, meu Deus, Adélia (Prado) tem mesmo razão! Delícia de poema.
ResponderExcluirÉ muito bom estar de bem consigo , aflorora o q temos de melhor...
ResponderExcluirI WALK A BIT 'OLD-FASHIONED'
ResponderExcluirNALDOVELHO
I like of tangos, boleros, waltzes, melodies,
maize bread of corn, corn-meal puree of cut, ancient movies,
of water of smell in the body,
of incensing every day my room,
of rice with bean, pasta and ground meat,
of shoes that swallow me comfort,
and of underpants and quite wide shirts,
of Bermuda shorts that are long.
I like walking along the gardens,
of smelling the plants,
of appreciating the whisper of the birds,
of a good prose to the sunset,
of his smile when I kiss his neck,
of being seized, muddled up legs,
every time I breathe I am fouler to you.
I like of avencas and tearful ferns,
also I like Portuguese income,
I have soft spot for geraniums,
azaleas, lilies, orchids and jasmines,
only I am afraid of the roses, in spite of beauties,
they bring thorns, usually bleed.
I like walking for the border,
of the wind caressing the afternoon,
and of the wet land his smell.
I like full and pretentious moon,
and of the nostalgias of this life;
of the cold winter nights
and dawns passed to his side;
more nearby reprimand and it hugs me,
only do not steal my pillow!
Then to sleep up to afternoon,
strong and full-bodied coffee,
completely this is worth more than a poem,
it is worthwhile to live with you.
I like reading poetry:
Flag, Drumonnd,
Manoel from Clays and Cecília;
I like music that burns,
Tom Jobim, Milton, Egberto,
and yesterday I discovered that I was born in the certain time,
time in which I could survive great thing
what in spite of being out of fashion,
I do not manage to stop wanting.
It was already forgetting:
in the head of my bed there are not clocks,
and a lampshade is a witness of what I have just said.
OLD-FASHIONED = French Word, translated how out of fashion.
Translation into English by Marlene Nass.
JE MARCHE UN PEU DÉMODÉS
ResponderExcluirNALDOVELHO
J'aime de tangos, Boléros, valses, mélodies,
maïs pain de maïs, purée de farine de maïs coupés, anciens films,
de l'eau de parfum dans le corps,
d'enflammer chaque jour ma chambre,
du riz avec des haricots, pâtes et sol viandes,
des chaussures qui m'avalent le confort,
et des slips et des chemises très larges,
des bermudas longs.
J'aime marcher le long des jardins,
odeur de plantes,
de juger le bruissement des oiseaux,
une bonne prose pour le coucher du soleil,
de son sourire quand j'embrasser son cou,
d'être saisi, mélanger des jambes,
chaque fois que je respire, je suis fouler pour vous.
J'aime avencas et fougères larmoyante,
aussi j'aime le revenu portugais,
J'ai le bât blesse pour les géraniums,
azalées, des Lys, des orchidées et des jasmins,
seulement j'ai peur des deux-roses, en dépit des beautés,
ils apportent des épines, généralement saigner.
J'aime la marche de la frontière,
le vent caressant l'après-midi,
et son odeur à la humides de la terre.
J'aime la lune pleine et prétentieux,
et les nostalgies de cette vie ;
les nuits froides de l'hiver
et aubes passé à ses côtés ;
plus de réprimande à proximité et il caresse moi,
seulement ne pas voler mon oreiller !
Puis dormir jusqu'à l'après-midi,
café fort et corsé,
complètement c'est une valeur plus qu'un poème,
Il vaut la peine de vivre avec vous.
J'aime la lecture de la poésie :
Drapeau, Drumonnd,
Manoel d'argiles et Cecília ;
J'aime la musique qui brûle,
Tom Jobim, Milton, Egberto,
et hier, j'ai découvert que je suis né à certain moment,
temps dans lequel je pourrais survivre à grand chose
ce qui, en dépit d'étant passé de mode,
Je ne parviennent pas à arrêter de vouloir.
Il a été déjà oublier :
à la tête de mon lit, il n'existe pas horloges,
et un abat-jour est un témoin de ce que je viens de dire.
Ancienne = mot français traduit comment sortir de la mode.
Traduction en Français par Marlene Nass.
Só posso dizer uma coisa: se é assim, também sou "démodé" com muito orgulho..e ainda bem que somos, porque a poesia precisa de gente que sabe olhar o tempo no passado, presente e futuro, compartilhando emoções, em qualquer estação. Abreijos, guida
ResponderExcluirNaldo, você diz que está meio démodé; eu sou uma mulher démodé e alardeio isso. Amo tudo de que você falou e muitas outras coisas antigas. Meu poeta preferido é Manuel Bandeira!Tenho me encantado com muitos poetas que não conhecia (Andei longos anos longe da poesia) e , creia, você encantou meu coração com esse poema,suave e belo como o marulho das ondas que se derramam na areia.Vou postar seu link no meu perfil e vou compartilhar com meus amigos que partilham do meu fascínio pela palavra.
ResponderExcluirLindos versos meu querido...e que bom gosto em? Muito bom...
ResponderExcluirAbraços e linda noite meu querido amigo Naldo.