quinta-feira, 6 de outubro de 2011

VIDRAÇA EMBAÇADA (ARQUIVO)

   NALDOVELHO

   Vidraça embaçada,
   imagens nubladas,
   distorcidas, sem graça,
   não revelam quem passa,
   desmaiadas as cores,
   cinzentos matizes.

   A tela que eu pinto,
   os versos que eu colho,
   controversas escolhas,
   revelam a inquietude
   que existe em mim.

   A chuva insistente,
   cinzentas as tardes,
   o vento se assanha,
   traz cheiros, essências,
   despertado o passado.

   Embaraçam-se os fios 
   e refaz-se a mandala,
   precioso caminho,
   emaranhados, vivências,
   melodia de enganos.
   Já faz muitos anos
   e eu ainda te amo.

   O barulho das águas,
   tal qual correntezas
   lapidei asperezas,
   construí  um abrigo
   e o teu nome é saudade.

   E as gotas de chuva
   ainda molham a cidade,
   cidade nublada.
   Faz frio aqui dentro,
   dentro de mim.

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