NALDOVELHO
Vidraça embaçada,
imagens nubladas,
distorcidas, sem graça,
não revelam quem passa,
desmaiadas as cores,
cinzentos matizes.
A tela que eu pinto,
os versos que eu colho,
controversas escolhas,
revelam a inquietude
que existe em mim.
A chuva insistente,
cinzentas as tardes,
o vento se assanha,
traz cheiros, essências,
despertado o passado.
Embaraçam-se os fios
e refaz-se a mandala,
precioso caminho,
emaranhados, vivências,
melodia de enganos.
Já faz muitos anos
e eu ainda te amo.
O barulho das águas,
tal qual correntezas
lapidei asperezas,
construí um abrigo
e o teu nome é saudade.
E as gotas de chuva
ainda molham a cidade,
cidade nublada.
Faz frio aqui dentro,
dentro de mim.
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